Numa era em que a prevenção é a palavra-chave para elidir problemas futuros para com o Meio Ambiente, não podemos ignorar o Espaço. Absolutamente, não! E para uma conceituação mais clara do Meio Ambiente Espacial é interessante uni-la ao meio Terrestre, com o que teremos um desconhecido e enigmático Meio que começa a ser melhor desvendado, não só na forma cientifica e tecnológica mas, subsidiariamente, como uma opção de Turismo e Lazer para poucos e privilegiados humanos.
Inúmeras questões e interesses permeiam tão valorizados assuntos, numa premissa de mistérios e valoração econômica alta, mas de importância maior para a vida humana, futura, no planeta Terra.
O Brasil segue construindo uma história no setor Espacial, ainda que pouco expressiva para pessoas desavisadas, de forma a marcar presença no cenário internacional com profissionais altamente qualificados, como o astronauta brasileiro Marcos Pontes e o cientista Gilberto Câmara que trabalha na Alemanha atualmente.
Mais do que normas e leis (precisamos urgentemente do marco regulatório global e brasileiro para delimitação e disciplinamento da atividade espacial), o comprometimento individual de pessoas e organizações é parte fundamental em um processo de prevenção em qualquer área. E, certamente, no Espacial não seria diferente, visto que não seria correto criarem-se normas para assuntos pouco conhecidos somente para se configurar sanções e achar culpados. O escopo do arcabouço jurídico deve contemplar os atos humanos que, juntamente com as tecnologias, possam refletir ganhos positivos na saúde, no meio ambiente e principalmente na qualidade de vida do Planeta e Humanidade.
A Terra, não obstante o desenvolvimento espacial, também faz parte direta deste contexto uma vez que compõe um conjunto harmonioso no Universo, integrado pelo Espaço e vários corpos nele existentes, conhecidos ou não, tais como galáxias, planetas, estrelas, satélites, cometas etc. Trata-se de uma demonstração infinita de belezas que merecem não só ser admiradas, mas estudadas e preservadas. Pode estar ai a “chave da nossa existência”, com pesquisas avançadas para curas e desenvolvimento de habilidades humanas. É factível que o Universo agrega valores que devemos codificar e cuidar para o bem de toda a nossa raça. Daí a minha definição do que seja Meio Ambiente Espacial.
Uma viagem ao espaço remete a um custo alto, mão-de-obra especializada, estudos e preparação constante que, no final, servirá apenas a punhado de sortudos. Embora nos traga benefícios, as viagens científicas, também já estão causando transtornos. Vejam o mau exemplo do “Lixo Espacial” que tem sido deixado à deriva no espaço. A Nasa (agência espacial americana) estima em mais de 200.000 objetos de porte vagando ao redor do globo terrestre. São pedaços que se desprendem de foguetes e satélites, entre outros, alguns dos quais já “retornando” à Terra. Além das dificuldades que geram na comunicação, esse lixo espacial pode colocar em risco a vida dos astronautas como, aliás, já aconteceu.
Portanto, se não tivermos consciência e responsabilidade ambiental plena, as consequências de nossas intervenções espaciais deixarão sérias e graves seqüelas a todo o planeta. É oportuna, portanto, a discussão desse assunto e a Envolverde nos abre excelente oportunidade dessa pauta.
Ambiente: Terrestre ou Espacial, como você contribui para deixar seu meio natural de forma a ser contemplado no futuro? Dúvidas e soluções são questionamentos humanos da Nova Era para o setor Espacial, em franca expansão com as Agências Espaciais e empresas privadas que também já investem no Turismo Espacial com promessas de experiências inesquecíveis não só de sentimentos, mas de ver belezas naturais incomparáveis.
Eu prefiro acreditar que as empresas que vasculham o Espaço, seja lá com que finalidade for, busquem uma interação maior com as pessoas, no sentido não só de vender suas ofertas, mas de transmitir informações de um Meio ao qual todos pertencem e merecem conhecer se não de forma prática de um moderníssimo Espaço-porto, em naves tecnológicas e futuristas, mas com informações das descobertas já realizadas.
Todo desenvolvimento tem um preço e, não raras vezes, muito alto. O Universo mostra-se como lugar de inigualáveis (e ainda inimagináveis) riquezas, envolto em mistérios naturais. Daí gera facilmente a cobiça financeira. O que não podemos aceitar é a existência de uma exploração menos científica e mais comercial, uma vez que o Meio Ambiente Espacial não é propriedade privada, mas um lugar a ser compartilhado por todos.
Com a ascensão do Turismo Espacial o lixo voador deverá ganhar notoriedade daqui por diante, visto que o homem tende a “esquecer” e largar para trás algo que já usou e não lhe serve mais de momento, poluindo o Meio ;algo que ocorre no meio terrestre há um certo tempo. E aproveitando que o tema ainda é novo para milhares de pessoas, tornar-se-á mais fácil, ensinarmos o certo, agirmos de forma responsável, para evitar problemas no futuro.
* Carla Martins é consultora jurídico-ambiental, autora do livro “Meio Ambiente Espacial – Com Enfoque Jurídico”.