por Júlio Ottoboni, especial para a Envolverde –
Diversas espécies de aves ressurgiram no cenário urbano de São José dos Campos nos últimos anos. São vistos desde integrantes da família dos falconídeos como o carcará e os gaviões como pinhé e o carijó até um aumento na população de pássaros como sabiá , bem-te-vi e joão-de-barro , tucano e maritaca. Eles estão sendo avistados inclusive nos parques e em regiões centrais da cidade. Uma parcela disto se deve ao plantio de árvores e a preservação de fragmentos de mata.
Segundo especialistas, algumas espécies conseguem se adaptar a expansão da malha urbana que expulsa grande parte dos animais nativos. As aves que conseguem conviver dentro de esse novo habitat correm riscos de serem mortas ou terem problemas de saúde, pois são obrigadas a terem mudanças drásticas em sua cadeia alimentar, como sobra de alimentos do homem.
Apesar do fenômeno crescente, não há qualquer levantamento oficial de espécies encontradas dentro do território urbano e informações sobre quais os locais com maior incidência de animais silvestres. Os parques urbanos, como o Parque da Cidade – Burle Marx e o Parque Vicentina Aranha estão entre os mais visitados por essas aves, que também acabam por ocupar residuais de Mata Atlântica. O que tem levado a um aumento significativo também em pessoas interessadas em fotografar e conhecer esses pássaros.
A própria compensação ambiental, com a introdução de novas árvores dentro da cidade, estimula a fixação desta população de animais silvestres. A prefeitura plantou neste ano 4.389 árvores até o momento. São José tem atualmente 176.389 árvores dentro de seu limite urbano. Destas, 300 são centenárias ou tombadas pelo patrimônio público, possuindo imunidade ao corte.
Um exemplo deste repovoamento de árvores vem da Secretaria de Manutenção da Cidade. Ela realiza o plantio em calçadas, praças, parques e áreas verdes do município e segundo seu balanço, de janeiro a setembro foram plantadas 1.239 mudas. Em agosto foram 543 árvores e a meta é fechar esse ano com 3 mil novas mudas.
O plantio de árvores que acabam por atrair aves variadas dentro do bioma da Mata Atlântica é desenvolvido pela Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade. Essa pasta atende os programas de revitalização de nascentes e de educação ambiental, que envolve alunos da rede municipal. Neste ano, as equipes plantaram 3.150.
O plano de arborização, que está em vigor desde dezembro de 2016, prevê o plantio de 56 mil mudas nos próximos 8 anos. As concentrações arbóreas contribuem ainda para equilibrar as temperaturas. Elas absorvem parte dos raios solares, amenizando as ilhas de calor, além de ajudar a manter a umidade do solo a possibilitar um maior número de espécies da fauna, tanto urbana como silvestre.
O biólogo e proprietário da empresa de consultoria e serviços ambientais, Esfera Ambiental, Marcelo Godoy, que há mais de 30 anos atua no trabalho de resgate e reintegração de animais silvestres em todo Estado de São Paulo faz o alerta. Esse fenômeno é típico de áreas que estão expulsos de remanescentes de mata e buscam abrigo e alimentação nas cidades.
“Existe um avanço das cidades sobre os fragmentos de mata, que estão sendo destruídos numa velocidade impressionante. Com isso se perde o habitat natural e algumas espécies vão para onde tem alimento, embora o risco também seja muito maior, que são as áreas povoadas pelo homem”, comentou Godoy. (Envolverde)