Mudanças climáticas podem ser responsáveis pela incidência de doenças infecciosas

O ciclo dessas doenças pode se expandir no país. Foto: Andressa Sipaúba

Alterações nos ecossistemas da Amazônia, do Pantanal e nas áreas de mangue, diminuição drástica de chuvas no Nordeste, e o aumento delas no Sul e no Sudeste do país. Estas são algumas causas da maior incidência de doenças infecciosas como dengue, malária, leishmaniose e leptospirose no Brasil.

A conclusão faz parte do estudo “Mudanças Climáticas e Ambientais e Seus Efeitos na Saúde: Cenários e Incertezas para o Brasil”, realizado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em parceria com o Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 2008.

Segundo o pesquisador da Fiocruz, Ulisses Confalonieri, o ciclo dessas doenças pode se expandir no país, tanto pelo aumento da temperatura em certas regiões, quanto pelas inundações causadas por chuvas que se tornarão mais frequentes em algumas localidades.

Os mosquitos da dengue e da malária se reproduzem na água e em dias quentes. E a infecção por leptospirose ocorre pelo contato da pele humana com água contaminada por uma bactéria presente na urina de rato, geralmente em enchentes.

O estudo aponta que o clima mais quente e chuvoso em certas regiões fica muito mais propício para os mosquitos se reproduzirem, enquanto em áreas desmatadas eles podem ficar sem habitat adequado. “A dinâmica da malária depende do mosquito, que depende da floresta, que depende da água. Os modelos (de expansão das doenças) devem combinar desmatamento com mudança do clima”, afirmou o pesquisador ao R7 Notícias.

De acordo com o quarto relatório de 2007, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), protocolo usado como referência pelos pesquisadores, a temperatura da Terra deve aumentar em até 4ºC até 2100. No mesmo período, o nível dos oceanos deve aumentar 59 centímetros, as chuvas, 20%, e as geleiras do Polo Norte podem se derreter por completo.

A pesquisa foi ratificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 15), em 2009, na Dinamarca. No evento, a organização estimou que mais de 13 milhões de mortes ocorrem por ano no mundo por motivos relacionados ao ambiente.

* Publicado originalmente no site EcoD.