Participantes do painel apresentaram tendências, oportunidades e desafios para a transição para a nova economia.
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“Ao contrário da nossa autoimagem, não somos um país próximo à economia de baixo carbono. Estamos muito longe”, alardeou Tasso Azevedo. Segundo ele, num cenário em que o mundo emite 50 giga toneladas de gases de efeito estufa, o Brasil é responsável por dois giga toneladas e deveria chegar em 2050 emitindo 0,4 giga toneladas. Para o consultor, “o desafio é dividir a conta entre os vários setores”.
“Mudar profundamente os padrões de produção e consumo talvez seja a solução. As mudanças climáticas colocam ricos e pobres no mesmo barco e, por isso, cooperar é preciso”, afirmou Luiz Pinguelli Rosa, representante do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.
O painel contou também com a apresentação de importantes iniciativas para a mitigação das mudanças climáticas. Davi Canassa, gerente corporativo de sustentabilidade da Votorantim Industrial, na ocasião representando o Fórum Clima, contou sobre as reuniões mensais realizadas pelas empresas que assinaram a Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas. Segundo ele, o objetivo do Fórum é debater, buscar propostas e elevar o tema a um novo patamar. “As empresas participantes acreditam que o setor empresarial pode contribuir para a transição para uma economia de baixo carbono”, analisa Canassa.
Paula Bennati, analista sênior de meio ambiente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), acredita que o Brasil está vivendo um momento muito importante e pode vir a ser um protagonista internacional. “Não estamos num momento de elevar custos, nem tributos. Precisamos de mecanismos mais eficientes para avançarmos na agenda das mudanças climáticas”, avalia a analista.
“O que é mensurável pode ser mitigado. Neste sentido, não haverá mitigação de emissões sem gestão, sem diálogo e sem inovação”, ponderou Bárbara Oliveira, representante do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVCes-FGV). Mas, acima de tudo, na visão dela, é preciso pensar além do clima, além das emissões. “Precisamos falar sobre o modelo de desenvolvimento que queremos”.
A presidente executiva do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, vê com bons olhos o cenário atual: “avançamos muito desde a COP-15. Mitos foram derrubados e hoje o Brasil já tem uma série de iniciativas, como os empregos verdes”. Na mesma linha de pensamento está a ministra Izabella Teixeira, que acredita que o papel do setor privado, há 20 anos, era tímido e hoje é fundamental para a nova economia. “Pelas apresentações que vimos hoje do Fórum Clima, do CEBDS, da CNI, enfim, podemos dizer que o Brasil tem algo que o resto do mundo não tem. Agora precisamos de conteúdo para levar à Rio+20 e, acima de tudo, precisamos começar o movimento pós-Rio+20, ou seja, não parar no evento em si”, afirmou. A ministra disse ainda que “é preciso ousadia para avançar no tema das mudanças climáticas”.
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* Publicado originalmente no site da Conferência Ethos 2011.