Por Caroline Ligorio, de Paris, para Envolverde –
O evento da ICC Brasil e do Pacto Global – Rede Brasil acontece no mesmo momento em que a OCDE promove o Fórum Global Anticorrupção & Integridade. Empresas brasileiras reuniram-se na capital francesa no dia 25 de março para demonstrar como medidas de integridade e objetivos ambientais caminham lado a lado para potencializar a agenda climatica. Essa sinergia é possivel graças às parcerias e à mobilização de diferentes setores internos e externos ao setor privado.
Dez anos após a assinatura do Acordo de Paris, o setor privado apostou em soluções para alinhar integridade e questões climaticas. Para Casa dos Ventos Energia Renováveis isso passou pelo trabalho conjunto de diferentes diretorias da empresa tais como diretoria ambiental, social e de integridade. O resultado desse trabalho conjunto foi a definição de uma estratégia com objetivos comuns às diferentes áreas.
A incorporação de princípios éticos na definiçao de objetivos ambientais traz maior credibildiade aos objetivos da agenda climatica. Para Jualina Darini, Natura & Co Vice-Diretora de Compliance e Chefe de Ética e Compliance da Natura e Avon, a integridade é a base de tudo e torna os objetivos mais credíveis e ambiciosos. ‘Os objetivos do setor privado devem procuar não apenas evitar danos, mas agir tambem na recuperação ambiental’.
Para que diferentes áreas possam dialogar em torno dessas duas temáticas : agenda ambiental e agenda ética, uma visão holística e um discurso transparente permitem fortalecer parcerias, não só entre setores internos, mas também externos como parceiros econômicos, populações afetadas, fornecedores e poder público.
Essas parcerias permitem mobilizar o setor privado em prol de práticas mais éticas e respeituosas do meio ambiente. O desafio identificado por Ana Paula Carracedo, diretora de integridade da Aegea, é a mobilização das pequenas empresas que acreditam menos em um sistema confiável e íntegro face aos escândalos de corrupção, como a Lava-Jato.
Parceria setor publico e privado
O poder público assume neste contexto um lugar preponderante de exemplaridade, para German Zarama, Gerente para América Latina e Caribe em Conduta Empresarial Responsável OCDE, ‘todos os olhares estão atentos ao que o poder público faz’.
Uma visão abrangente da corrupção, de suas manifestações e suas raízes é um meio de combatê-la. ‘A democracia é afetada, assim como a confiança da população’ reforça Vinícius de Carvalho, ministro da Controladoria-Geral da União (CGU). O Pró-Etica, iniciativa da instituição para promover no país um ambiente corporativo mais íntegro, ético e transparente, estabelece critérios rígidos para atribuir o selo de reconhecimento às empresas. Critérios ESG (Ambiental, Social e Governança) são acrescentados para considerar igualmente os impactos ambientais e sociais, como o trabalho análogo à escravidão.
Entre as medias de combate à corrupção, a responsabilização de pessoas físicas na lei anticorrupção poderia ser uma medida dissuasória. Para potencializar o combate à corrupção no Brasil, parcerias foram criadas como o acordo de cooperação entre a CGU, a Polícia Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
O encontro na capital francesa marcou o posicionamento da iniciativa da ONU Pacto Global – Rede Brasil, como apoiador institucional da iniciativa da CGU, Pacto Brasil pela Integridade Empresarial. A iniciativa da ONU, a maior no nivel internacional de sustentabilidade corporativa, será porta-voz do projeto para incentivar empresas à incorporarem boas práticas em integridade nos negócios.