ODS 6

Quase 30 milhões de brasileiros ainda não têm água tratada

Apenas São Paulo e o Distrito Federal passaram dos 90% de moradores em domicílios com rede geral de abastecimento de água

Quase 30 milhões de brasileiros ainda não têm água tratada

Segundo dados divulgados pelo Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 30 milhões de brasileiros não contavam com abastecimento de água potável em seus lares em 2022. Na pesquisa “Censo demográfico 2022: Características dos domicílios – Resultados do Universo”, anunciada nesta sexta-feira (23), mostrou que a rede geral de distribuição apareceu em 60,8 milhões de domicílios.

Poço profundo ou artesiano foi a segunda principal forma de abastecimento, aparecendo em domicílios que representam 9,0% da população. Com menor ocorrência nacional, encontra-se o abastecimento por “carro-pipa”, e depois, rios, açudes, córregos, lagos e igarapés (0,9%). Água da chuva armazenada é a última na lista. 

Fernando SIlva, CEO da PWTech, startup referência no atendimento imediato de ajuda humanitária ligada à água potável, explica que o temor dos brasileiros está diretamente relacionado com a precariedade de sistemas de saneamento em regiões pouco desenvolvidas.

“Hoje, no Brasil, para que a universalização do acesso à água potável e do saneamento básico seja realizada de maneira efetiva, é necessário que o Estado invista anualmente R$ 200 por habitante, mas sabemos que a situação está longe de ser concretizada. Em regiões afastadas, que sofrem com a falta de infraestrutura e políticas públicas bem definidas, o investimento não chega a R$ 50”, explica o especialista.

Distribuição por regiões 

A rede geral era a forma principal de abastecimento de água predominante em todas as regiões, mas com desigualdade nas proporções. Enquanto no Sudeste o percentual era de 91%, no Norte foi de 55,7%, e no Nordeste, de 76,3%. O Norte, inclusive, foi a região que apresentou as maiores proporções da população utilizando poço profundo ou artesiano, poço raso, freático ou cacimba.

O Nordeste apresentou as maiores proporções das formas de abastecimento “Carro-pipa” e “Água da chuva armazenada”, enquanto a região Norte apresentou a maior proporção da forma de abastecimento “Rios, açudes, córregos, lagos e igarapés”. Entre as UFs, apenas São Paulo e Distrito Federal passaram dos 90% de moradores em domicílios com rede geral de abastecimento de água como forma principal. Na parte de baixo, Pará (48%), Rondônia (45,3%) e Amapá (43,7%) não chegaram a 50%.

No comparativo das regiões o Sul apresentava os maiores índices de moradores com água canalizada (99,4% na residência e 0,3% no terreno), enquanto o Norte apresentou os menores índices (87,1% e 6,4%, respectivamente). 

“A situação precária na região norte é um reflexo do incentivo à ocupação e ao desmatamento do território a partir da década de 60. Muitos habitantes sulistas viram no norte uma possibilidade de investimento para aumentar os seus ganhos anuais e melhorar a sua qualidade de vida, mas, com a ocupação, vieram os problemas de cidades criadas sem planejamento”, complementa.

Envolverde