Governo federal cria Conselho da Amazônia, que terá como coordenador o vice-presidente Hamilton Mourão
.
Por
Suzana Camargo
, de
Conexão Planeta
–
Depois de enfraquecer o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e a participação da sociedade civil no órgão e através de seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, desmantelar os órgãos de fiscalização ambiental, demitindo e exonerando especialistas e agentes, sem falar no fim do Fundo Amazônia (leia mais aqui ) , o presidente Jair Bolsonaro anunciou, ontem (21/01), a criação do Conselho da Amazônia , que será coordenado pelo vice-presidente, o general Hamilton Mourão.
“O conselho terá por objetivo coordenar as diversas ações em cada ministério voltadas para a proteção, defesa e desenvolvimento sustentável da Amazônia”, escreveu Bolsonaro nas redes sociais. Ele disse ainda que será criada uma Força Nacional Ambiental , à semelhança da Força Nacional de Segurança Pública, voltada à proteção do meio ambiente da Amazônia. Todavia, não ficou claro como o conselho será financiado e seu funcionamento, na prática – e se haverá participação de membros e especialistas da sociedade civil.
Bolsonaro faz o anúncio da medida no mesmo momento em que os principais líderes mundiais se encontram em Davos, na Suíça, participando do Fórum Econômico Mundial , que este ano tem, entre os principais temas, as mudanças climáticas e a preservação ambiental . Mas o presidente brasileiro decidiu não comparecer ao evento.
Em uma reunião com a imprensa, em Brasília, Ricardo Salles afirmou que o novo Conselho da Amazônia e a já existente Secretaria da Amazônia irão trabalhar juntos. O ministro também revelou que a Força Nacional Ambiental será composta por representantes de vários estados, envolvendo órgãos ambientais e policiais militares, e “acionada quando necessário, incorporando avanços e experiências acumuladas”.
Em entrevista à jornalista da Globo, Andréia Sadi , o vice-presidente Hamilton Mourão revelou que as ações do conselho devem ser anunciadas até março.
Desde o ano passado, com o aumento do desmatamento na Amazônia ( só em dezembro último crescimento de 183%, segundo o Inpe ) e a inação do governo federal em combater rapidamente os incêndios na região, aliados ao discurso de Bolsonaro contra a preservação ambiental e a proteção dos povos indígenas , investidores internacionais têm demonstrado seu descontentamento e ameaçado deixar de financiar projetos no Brasil.
Em agosto de 2019, por exemplo, marcas globais suspenderam temporariamente a compra de couro brasileiro vindo da Amazônia .
“Está se criando um espaço de atenção para a Amazônia através de um conselho que a gente entende que vai unificar um conjunto de ações públicas e de política públicas pra Amazônia, isso é importante. O que a gente espera, como técnicos, como pessoas que trabalham com Amazônia, é que essa políticas sejam efetivas e continuadas para que o problema seja resolvido, de fato, concretamente, e pra isso, a gente precisa de atuação a longo prazo”, disse André Guimarães, diretor do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, em entrevista ao Jornal Nacional .
O Conexão Planeta tentou ouvir outras organizações da área ambiental sobre o assunto, como o WWF-Brasil, a CI-Brasil e o Greenpeace Brasil, mas as entidades preferem não se manifestar agora e aguardar maiores esclarecimentos por parte do governo e de como serão as ações concretas planejadas para a Amazônia.
*Com informações do Ministério do Meio Ambiente
Foto: José Cruz /Agência Brasil / Fotos Pública s
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.
#Envolverde





