Por Reinaldo Canto, especial de Paris para a Envolverde –
Texto tem os elementos cruciais para negociação dos detalhes finais.
Os negociadores presentes à COP 21 cumpriram o prazo previsto e divulgaram na manhã de sábado, 05/12, o esboço para as negociações finais do novo acordo climático. O texto deverá ser assinado pelos representantes de mais de 190 países até o final da próxima semana.
O documento apresentado tem 48 páginas e numerosas anotações. Resultado das atividades do Grupo de Trabalho Ad Hoc da Plataforma de Durban para uma Ação Reforçada (ADP), o texto mantém importantes variáveis em aberto para a negociação final. “Todos os elementos que consideramos cruciais estão mantidos nessa primeira versão do acordo”, analisa Pedro Telles, coordenador do projeto Mudanças Climáticas do Greenpeace Brasil. “Como tudo ainda está na mesa, não será fácil que [todos esses elementos] continuem até o final.”
Os ministros e demais autoridades dos países encarregadas da negociação ainda têm muito trabalho até a semana que vem. Embora não seja unânime, prevalece uma expectativa otimista entre as delegações.
São pontos-chave, que ainda requerem muita negociação, a definição dos mecanismos de financiamento de ações que descarbonizem a economia do planeta, e os prazos para cumprimento das metas de redução de emissões de gases-estufa – as INDCs (Intended Nationally Determined Contribution), sigla para as contribuições nacionalmente determinadas por cada país.
O que emperra a negociação, naturalmente, é determinar quem vai pagar a conta da transição para uma economia com reduzidas emissões de carbono. Os países mais pobres e em desenvolvimento continuam a pressionar para que os ricos assumam a maior parte dos custos. A definição da quantidade e da forma de repasse dos recursos tem impacto também na questão dos prazos: permanece incerta a revisão das metas (INDCs) a cada cinco anos.
O cumprimento do prazo e o otimismo das delegações autorizam o tom afirmativo da secretária-executiva da Convenção sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), Christiana Figueres, no início dos trabalhos no Le Bourget. Segundo ela, não temos com que nos preocupar, pois o acordo vai sair e será legalmente vinculante, ou seja, com força para ser cumprido. Fechar esse acordo, segundo ela, exige uma negociação final cuidadosa envolvendo as lideranças políticas mundiais, pois “nunca tanta responsabilidade esteve nas mãos de tão poucos”.
Teremos agora mais uma semana de expectativa, para os acertos finais, em busca de um acordo satisfatório, que contemple os interesses de toda a humanidade.
Leia o documento oficial aqui. (#Envolverde)
* Reinaldo Canto é jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente e pós-graduado em Inteligência Empresarial e Gestão do Conhecimento. Passou pelas principais emissoras de televisão e rádio do País. Foi diretor de comunicação do Greenpeace Brasil, coordenador de comunicação do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e colaborador do Instituto Ethos. Atualmente é colaborador e parceiro da Envolverde, colunista de Carta Capital e assessor de imprensa e consultor da ONG Iniciativa Verde.