Opinião

O impacto da poluição do ar na síntese de vitamina D

Por Alexandre AC* 

A radiação UV tem “efeito hormese”, ou seja, em baixa dosagem ela é benéfica para o ser humano, sendo essencial para a produção de vitamina D e sendo usada como método auxiliar no tratamento de várias doenças, como o raquitismo. Enquanto que em alta dosagem pode ser perigosa e ter efeitos danosos, como o câncer de pele.

A vitamina D é produzida pela pele em resposta à exposição e radiação ultravioleta da luz solar natural, mas também pode ser produzida através do consumo de alimentos específicos, como: as sardinhas, os ovos, o óleo de fígado de bacalhau, o salmão, o leite, entre outros.

Relação Poluição x Vitamina D

A poluição do ar é o principal fator que dificulta a chegada da radiação que atinge a superfície da Terra. Assim, nível de poluição do ar está inversamente relacionado com a quantidade de radiação UV que atinge a superfície da terra. Dessa forma, as áreas mais poluídas apresentam menor passagem de UV e, como resultado, as populações dessas regiões apresentam menor síntese de vitamina D cutânea.

Estudos indicam que a poluição atmosférica (especialmente a que apresenta alto teor de ozônio troposférico) pode desempenhar um papel significativo no desenvolvimento de deficiência de vitamina D no corpo.

Em um estudo publicado pela Archives of Disease in Childhood, utilizou-se um sensor de neblina modificado para medir indiretamente o efeito da poluição atmosférica sobre a redução da radiação em duas áreas distintas, analisando posteriormente sua relação com a produção de vitamina D em crianças. Em tal estudo conclui-se que as crianças que vivem em áreas de alta poluição atmosférica estão maior risco de desenvolver o raquitismo causado pela deficiência de vitamina D.

Outro estudo, publicado pela BMC Public Health, realizado somente com mulheres, provou a hipótese de que mulheres moradoras das regiões mais poluídas do Irã apresentavam uma menor síntese da vitamina no organismo. O mesmo estudo também apresentou a conclusão de que o caso é ainda mais grave em pessoas de idades mais avançadas.

Os dados foram confirmados por duas pesquisas. Uma delas publicada na Polônia, pelo Centro de Pesquisa Médica Mossakowski, o qual foi defendido que a deficiência de vitamina D e a intensidade de poluição do ar se correlacionam com a prevalência de doenças humanas comuns, incluindo diferentes tipos de câncer e doenças cardiovasculares.

Já a outra pesquisa, publicada nos EUA pela Livraria Nacional de Medicina, apresentou dados ainda mais interessantes, onde foi constatado que moradores de áreas rurais, com menos poluição, apresentavam maior síntese de vitamina D pela pele.

Problemas causados pela deficiência de Vitamina D

  • Fragilidade óssea, como a osteomalácia e o raquitismo
  • Asma: estudos demonstraram que a baixa taxa de vitamina D no organismo pode levar à asma.
  • Artrite reumatoide: estudos demonstraram que a falta de vitamina D é fator de risco.
  • Osteoporose: a falta de vitamina D está ligada à osteoporose em idosos.
  • Pesquisadores do Instituto Queensland descobriram que bebês nascidos com níveis baixos de vitamina D são duas vezes mais propensos a desenvolver esquizofrenia mais tarde na vida.

(#Envolverde)

REFERÊNCIAS:


*Alexandre AC é professor de comportamento na Impacta e um grande amante da natureza. Escreve regularmente para diversas ONGs da área e já colaborou com a  SOS Mata Atlântica.