Sociedade

Parte 11 – Observatórios possibilitam controle social, em tempos de Covid-19

Por Sucena Shkrada Resk* – 

Estes canais de comunicação surgem em busca de maior transparência de informações e de cobranças de ações proativas no combate à doença no Brasil

A sociedade civil brasileira, por meio de organizações não-governamentais (ONGs) e especialmente de instituições públicas de ensino e pesquisa, estabelece gradativamente mecanismos de acompanhamento e controle social, nestes tempos de pandemia da Covid-19, com a criação de observatórios. Estes espaços ‘virtuais’ funcionam como um meio de promover maior transparência de informações; ao mesmo tempo, que possibilita a cobrança de ações mais proativas no combate à doença. Alguns dos exemplos em vigor são o Observatório Covid-19 BR, o Observatório de Direitos Humanos – Crise e Covid-19 e o Covid-19 e Os Povos Indígenas. Entre as iniciativas mais recentes, está o Observatório da Covid-19 no Quilombos, lançado no último dia 28 de maio.

Em diferentes localidades no país, muitas universidades deram início também aos seus próprios observatórios, com foco em dados regionalizados, como é o caso  da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Na estrutura governamental, vale destacar o trabalho desenvolvido pelo Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz e pelo Observatório Nacional Covid-19, criado pela Defensoria Pública da União (DPU).

O Observatório Covid-19 BR tem uma característica interessante, pois é resultado da colaboração independente de pesquisadores de diferentes instituições de ensino e pesquisa. Um ato voluntário de união de esforços que se traduz em dados técnicos e de orientação geral disponibilizados de maneira didática, desde gráficos a informações técnicas e tira-dúvidas à população.

No caso do Observatório de Direitos Humanos – Crise e Covid-19 (disponibilizado em mídias sociais), com a participação de diferentes movimentos sociais e ONGS, é focado principalmente em amplificar as vozes de populações mais vulneráveis, com o recorte dos DH. As plataformas dedicadas ao recorte da pandemia em relação aos povos indígenas e aos quilombos, ambas foram constituídas com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA) e têm como característica focar na situação e necessidades desses grupos em todo o país. Trazem também relatos locais, o que ficaria pulverizado em coberturas mais macros da doença.

A Fiocruz, por sua vez, mantém um portal rico em informações nacionais e internacionais, com dados próprios e de outras instituições pelo mundo, que é uma fonte primária recomendada principalmente em tempos de “fake News”. E no portal da DPU, há um espaço importante destinado ao registro de denúncias da população sobre quaisquer violações do Poder Público no contexto da COVID-19.

O que torna estes espaços virtuais mais representativos na atualidade é que são manifestações que congregam ânsias e propostas do exercício democrático da cidadania, que devem estar acessíveis à maior parte da população, com o desafio de atingir ou escutar também, quem não tem acesso à internet.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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