Clima

COP28: Chefes de Estado evitam compromissos para eliminar o petróleo

Por Dal Marcondes, especial para a Synergia – 

Florestas e Inteligência Artificial (IA) têm sido utilizadas para contornar o “bode na sala” da COP28, o petróleo. Neste domingo, 3, o Google apresentou seu sistema de monitoramento e análise de dados, utilizando IA, para emitir alertas mais precisos sobre o desmatamento na Amazônia. A tecnologia já tem sido usada, em integração com o Google Maps, para avisar sobre riscos de inundações e deslizamentos no Sul do Brasil.

Também as indústrias de petróleo estão trabalhando com tecnologias IA de última geração para controlar e cortar pela metade as emissões de metano em suas operações e descarbonizar seus processos de industrialização e logística. Cinquenta empresas, que representam 40% da produção global de petróleo, assinaram na COP28 o compromisso de chegar a zero metano até 2050. 

Nestes primeiros dias de COP28, as iniciativas anunciadas ainda são genéricas e não colocam o dedo no ponto central do controle climático, a descarbonização radical das economias ao redor do mundo. É como se houvesse um desejo secreto de que, como por milagre, alguém surja com uma tecnologia capaz de descarbonizar o planeta.

Neste domingo, a maior parte dos chefes de governos presentes na conferência retornam a seus países. Levam na bagagem o alerta do secretário-geral da ONU, Antônio Guterres: “O diagnóstico é claro. Em primeiro lugar, reduzir drasticamente as emissões. Exorto os países a acelerarem os seus calendários de zero emissões líquidas, de modo a atingirem esse objetivo até 2040 nos países desenvolvidos e até 2050 nas economias emergentes”.

Não há nada de errado em separar o lixo, preservar as florestas e limpar os oceanos. Contudo, essas iniciativas não têm o condão de eliminar o principal elemento da elevação da temperatura no planeta, a emissão de gases produzidos pela queima de combustíveis fósseis. Mais uma vez o Brasil tem uma oportunidade histórica para incidir sobre a questão das emissões: no dia 1º de dezembro, o país assumiu a presidência rotativa do G20, grupo das 20 maiores economias da Terra, que representa 80% das emissões mundiais. (Synergia/Envolverde)

COP28: Lideranças indígenas alertam sobre escassez de ajuda direta

Dos US$ 494 milhões desembolsados por uma coligação de doadores internacionais em 2022, para financiar programas em comunidades indígenas, apenas 2,1%, ou seja, US$ 8,1 milhões, foram destinados diretamente a povos ou comunidades a que se destinam. Essa aliança foi lançada há dois anos na conferência climática de Glasgow (COP26), e reúne grandes fundações filantrópicas. O relatório apresentado pela organização de doadores aponta que o valor recebido pelas comunidades em 2022 é quase 3% menor do que em 2021. Entre as causas apontadas para que os recursos não cheguem aos destinatários, está a diversidade de leis em cada país, e muitas evitam doações diretas. A Aliança Global de Comunidades Territoriais, que agrupa populações indígenas de 24 países, alerta que as quantias doadas e o que chega às comunidades não atendem às necessidades dessas populações. (Synergia/Envolverde – Guilherme Loureiro)

COP28: Macron anuncia doação para a preservação da Amazônia

Em postagem nas redes sociais, o presidente da França, Emmanuel Macron, informou que o país vai doar € 500 milhões para a preservação da Amazônia até 2026. “Como o Brasil, estamos determinados a preservar as florestas. Nos próximos três anos, a França dedicará 500 milhões de euros à preservação”, escreveu o presidente francês.

O anúncio do envio de verbas para preservação ambiental, no entanto, veio horas após o presidente Macron criticar o acordo entre Mercosul e União Europeia. “[O acordo] não leva em conta a biodiversidade e o clima. É um acordo comercial antiquado e que desfaz tarifas”, apontou. Após a decisão da França, o governo do Reino Unido divulgou a destinação de mais 35 milhões de libras para o Fundo Amazônia, além das 80 milhões de libras que já havia anunciado em maio deste ano. (Synergia/Envolverde – Guilherme Loureiro)

COP28: COP realiza reunião sobre mudanças climáticas e saúde

Neste domingo, 3, o impacto das mudanças climáticas sobre a saúde será discutido pela primeira vez em uma COP. O presidente da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, Sultan Al Jaber, disse que “a ligação entre a saúde e as mudanças climáticas é evidente, mas não tem sido um foco do processo das COPs – até agora”. De acordo com a revista científica The Lancet, houve um aumento de 68% nas mortes de crianças e idosos de 2017 a 2021, em comparação com o período 2000-2004, devido ao aumento da temperatura global. A previsão da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que o aporte anual para crises sanitárias relacionadas às mudanças climáticas pode chegar a US$ 4 bilhões até 2030. (Synergia/Envolverde – Guilherme Loureiro)

COP28: 118 países vão triplicar energia renovável até 2030

O Brasil e outros 117 países se comprometeram em triplicar a produção de energias renováveis até 2030, passando de 3.400 gigawatts (GW) para 11.000 GW. O acordo pretende acelerar as transformações energéticas e descarbonizar o setor de energia, que corresponde a três quartos das emissões de gases de efeito estufa. Segundo a agência Reuters, China e Índia, grandes produtores e consumidores de combustíveis fósseis, sinalizaram apoio à iniciativa, mas, até o momento, não assinaram o compromisso global. Outros 22 países anunciaram a intenção de triplicar a produção de energia nuclear até 2050. (Synergia/Envolverde – Guilherme Loureiro)