Micro-organismos que se desenvolvem na rizosfera do feijão (a parte da raiz que fica em contato com o solo) podem combater o fusarium, fungo causador da doença que ataca a plantação e é responsável por perda significativa na produtividade do grão. O estudo, feito no Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP em conjunto com o Netherlands Institute of Ecology, Holanda, impulsiona os processos de melhoramento genético na agricultura.
A proposta da pesquisa foi saber se uma planta resistente a um determinado patógeno, cuja cultivar tivesse sido geneticamente melhorada, ainda dependeria do microbioma (atividade dos micro-organismos no solo) para se defender de determinadas doenças como o fusarium. Para obter tal resposta, o autor da pesquisa, Lucas William Mendes, do Cena, comparou plantas suscetíveis a doença com outra resistente (geneticamente modificada), todas cultivadas no mesmo solo e sob as mesmas condições.
Após o crescimento da planta, a pesquisa verificou que a comunidade de micro-organismos da rizosfera do feijão resistente era completamente diferentes outra. Segundo o biólogo, a planta resistente “atraiu uma comunidade microbiana mais diversa e abundante. Houve uma maior presença de bactérias do gênero Pseudomonas e Bacillus que já são conhecidos cientificamente como protetores contra o fusarium. Também foram encontrados em maior abundância genes relacionados à produção de Fenazina, um antibiótico com ação contra o fungo”, relata.
Os micro-organismos (fungos, leveduras, bactérias, microfauna e protozoários) do solo realizam diversas funções essenciais para as plantas. Indicam a saúde e a qualidade bioquímica do solo. São responsáveis pela nutrição das plantas, supressão de doenças e atenuação de poluentes, dentre outros.
“Entender quais micro-organismos são selecionados na rizosfera do feijão e as funções que estes desempenham é fundamental para a elaboração de estratégias de manejo mais sustentáveis que promovam a multiplicação desses micro-organismos”. Mesmo o grão sendo geneticamente melhorado, “a resistência é apenas estrutural da planta”. De alguma forma, a planta modificada atraiu organismos benéficos que a auxiliaram contra o patógeno. O próximo passo seria “entender como acontece a atração destes micro-organismos”, acrescenta. Fonte jornal da USP (#Envolverde)