Durante a COP 21 franceses revelam orgulho por suas usinas de tratamento de lixo.
Por Reinaldo Canto, especial de Paris para a Envolverde
Um evento importante como uma Conferência Climática de alcance mundial, também é uma oportunidade para que as cidades sede apresentem os seus exemplos de ações e soluções ambientais positivos. Claro que aquilo que não seja motivo de orgulho… talvez seja melhor esconder. Ainda mais que para a capital francesa chegaram a estar mais de 3 mil jornalistas de todos os cantos do mundo em busca de notícias.
E, falando de mostrar e esconder, o lixo ou melhor dizendo resíduos, em boa parte do planeta esse é um bom motivo para tirar da frente de todos, deixar bem longe dos olhares, ainda mais de nós jornalistas, doidos para descobrir coisas que nem sempre querem ser mostradas. Pois bem, não é o caso de duas usinas de lixo, opa, de novo, de resíduos, visitadas por jornalistas nesta sexta-feira de manhã ensolarada em Paris.
No centro mais conhecido da cidade luz, estamos acostumados a ver coisas belas como o Museu do Louvre, o Arco do Triunfo e a Torre Eiffel. Ao ser convidado para essa visita, imaginei uma longa viagem de ônibus para locais distantes e bem longe dos cartões postais. Pois para minha surpresa, a demora em chegar ao local nada teve a ver com distância, mas com o trânsito pesado na manhã de sexta-feira, pois ambas as usinas visitadas se encontram no centro de Paris, bem pertinho dos locais mais famosos da cidade.
A empresa Syctom, l’agence métropolitaine des dechets ménagers (Agencia Metropolitana de Gerenciamento de Resíduos) é a responsável pelo tratamento dos resíduos de Paris. Nas seis unidades por ela administrada são recolhidos os resíduos de 5,7 milhões de parisienses, sendo que 80% são reciclados e apenas 20%, considerados rejeitos, são incinerados.
Estivemos em uma unidade de reciclagem que possui capacidade para reciclar 20 mil toneladas de resíduos por ano. Os materiais ali recebidos, separados e posteriormente prensados, possuem destino certo para indústrias das mais variadas atividades, de papel, ferro e de embalagens plásticas, por exemplo.
Já na usina de incineração, o seu lado externo parece um limpo e organizado prédio de escritórios e apenas uma fumaça branca revela outra coisa que não pode ser vista de fora. Já dentro, o que se vê é como um filme de terror com garras metálicas e materiais sendo despejados constantemente. Graças à queima desses rejeitos, 500 mil residências de Paris são aquecidas todos os anos.
Mais do que o bom e eficiente sistema de coleta e reciclagem de Paris, o que chamou a atenção, realmente, foi o fato de ser algo bem visível, afinal eles nada tem a esconder. Lixo a gente joga debaixo do tapete, já resíduo é algo bom e merece atenção, claro que não tanto quanto a Torre Eiffel, ok? Também não vamos exagerar!! (#Envolverde)
* Reinaldo Canto é jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente e pós-graduado em Inteligência Empresarial e Gestão do Conhecimento. Passou pelas principais emissoras de televisão e rádio do País. Foi diretor de comunicação do Greenpeace Brasil, coordenador de comunicação do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e colaborador do Instituto Ethos. Atualmente é colaborador e parceiro da Envolverde, colunista de Carta Capital e assessor de imprensa e consultor da ONG Iniciativa Verde.