
Líderes de mais de duas dúzias de comunidades indígenas Kayapó rejeitaram uma oferta de US$9 milhões da companhia de energia do governo brasileiro, Eletrobras, para financiar projetos de desenvolvimento em sua região devido ao envolvimento da empresa na construção da represa de Belo Monte, relata o Amazon Watch, um grupo ativista lutando contra o projeto de geração de hidroeletricidade.
A Eletrobras ofereceu o dinheiro por um período de quatro anos, durante o qual planeja continuar com a represa, que desviará 80 por cento do fluxo do rio Xingú, do qual os Kayapó e outras comunidades indígenas dependem para pescar. Belo Monte, que operará com menos de 40 por cento de capacidade mesmo com seu preço de US$ 15 bilhões, exigirá represas adicionais à montante para ser comercialmente viável, de acordo com analistas independentes. Estas represas afetariam mais diretamente os Kayapó, a maioria dos quais vivem 500 km à montante do local da represa de Belo Monte.
Do mesmo modo, durante um encontro na semana passada na cidade de Tucuma, os líderes Kayapó rejeitaram unanimamente a proposta de financiamento e votaram contra a represa.
“Decidimos que sua palavra não vale nada. A conversa acabou”, escreveu os Kayapó em uma carta à Eletrobras. “Nós, o povo Mebengôre Kayapó, decidimos que não queremos um centavo de seu dinheiro sujo. Não aceitamos Belo Monte ou qualquer outra represa no Xingú”.
“Nosso rio não tem um preço, nossos peixes que comemos não tem um preço e a felicidade de nossos netos não tem um preço. Nunca vamos parar de lutar: Em Altamira, em Brasília, no Supremo Tribunal. O Xingú é nossa casa e vocês não são bem vindos aqui”.
Os Kayapó também enviaram uma carta a Joaquim Barbosa, o presidente do Supremo Tribunal do Brasil, demandando ação contra a represa.
Nem todos os Kayapó rejeitaram os fundos da Eletrobras. A Amazon Watch diz que aproximadamente um quarto dos Kayapó — especificamente as comunidades ao noroeste das terras dos Kayapós — aceitaram fundos da gigante da energia.
Existem aproximadamente 7.000 Kayapós remanescentes no Brasil.
– Publicado originalmente no Mongabay e retirado do site CarbonoBrasil.