ODS11

Grupo de voluntários transforma área abandonada em bosque em Santo André

De modo espontâneo, um grupo de moradores da região de Utinga, em Santo André (SP), se uniu para transformar a paisagem e a ocupação de uma área verde abandonada e tomada pelo entulho, usuários de drogas e mosquitos.  O local, na Avenida Utinga, 1975, é parte restante de um terreno público desmatado e vendido a uma rede de supermercados.

O resultado foi conhecido neste dia 15 de abril, com uma extensa programação que inclui aulas de yoga, danças circulares e zumba nos novos espaços.

Em um mês de trabalho cotidiano, os voluntários retiraram muitos sacos de entulho, eliminaram criadouros de mosquito, abriram trilhas, criaram espaços para atividades e plantaram mudas e flores. “Achamos aqui um brejo, que contornamos para preservar. Brejos tem sapos, que comem mosquitos”, explica Giancarlo Tola, professor de educação física especializado em yoga e danças circulares.

Foi ele quem iniciou o processo. “Achava que essa área deveria ser mais usada. Eu sou trilheiro e vinha aqui para meditar. Um dia, pedi uma enxada emprestada ao seu Zeca e dona Herô, caseiros do Centro de Assistência Social da Prefeitura, vizinho ao bosque, e comecei a tirar o mato para abrir uma trilha”, conta.

Marlene Frandom, especialista em exercícios para a terceira idade, viu Giancarlo carpindo, se entusiasmou e convidou para a iniciativa a filha, Camila, sua irmã e o cunhado Osvaldo, que é arquiteto. A pedido dessa família, Nicinho, dono de uma pavimentadora, doou sacos de britas, as pedrinhas despejadas nas trilhas abertas pelo grupo.

A psicóloga aposentada e mediadora judicial Wanda Gonçalves, que soube da história durante uma aula de danças circulares ministrada por Gian, também se somou ao grupo. “Eu sentia necessidade de agir por mais qualidade de vida na cidade, de me ligar à natureza”, conta. O mesmo desejo mobilizou o fotógrafo Rodrigo, a namorada dele, a Maria, a Bruna e a Leo, entre outros.

O grupo marca encontros no local para trabalhar sob o sol ou chuva. “Trouxemos flores, abacate, orquídeas de chão, margaridas, roseiras, azaléas, melissa, mirra, gerânios”, conta Wanda.

Eduardo Melo, dono de uma academia da região (Steel Fit) incumbiu-se de lidar com os trâmites legais na Prefeitura e na Câmara Municipal para garantir que o plano diretor acolha a iniciativa comunitária. “Era uma promessa de um prefeito transformar esta área em parque, mas não aconteceu. Eu sonhava com isso e, assim que vi a movimentação, aderi”, diz. “Temos aqui algumas árvores nativas da mata atlântica e isso tem que ficar para as próximas gerações. Esse pequeno pedaço de natureza é nosso.