ODS11

Transporte de Carga do Programa de Logística Verde Brasil tem manual de boas práticas

por Caroline Ligório, especial para a Envolverde – 

Após lançamento do Guia de Referências em Sustentabilidade: Boas Práticas para o Transporte de Cargas em 2017, o Programa de Logística Verde Brasil (PLVB) lança o Manual de Aplicação em 2018 com intuito de dar orientações para que empresas estejam aptas a internalizar algumas das 22 Boas Práticas estabelecidas.

A aplicação das Boas Práticas leva à redução dos impactos ambientais, tais como o uso de energia, emissões de gases de efeito estufa (GEE) e poluentes atmosféricos, além dos custos, gerados pelas atividades logísticas. Consequentemente, a aplicação apresenta-se como meio de se alcançar o compromisso internacional do Brasil de reduzir as emissões de dióxido de carbono em 37% até 2025 e em 43% até 2030, tomando como base o ano de 2005.
Para que o compromisso seja cumprido, diversos setores devem se engajar e promover mudanças. Neste cenário, o setor de transporte de cargas é muito expressivo, representa cerca de 8% das emissões de CO2 relacionada ao uso de energia em todo o mundo, consome entre 9% e 12% da energia consumida no mundo e cerca de 19% da energia consumida no Brasil.

Se por um lado, 93,54% do transporte de carga é dependente de combustível fóssil, por outro representa 7% a 8% do PIB mundial e cerca de 12% do PIB brasileiro, por viabilizar o suprimento de cargas e serviços e por ampliar os resultados econômicos das empresas. O PLVB, iniciativa que reúne acadêmicos da UFRJ, do CEFET/RJ e 21 empresas auxilia empresas nessa mudança.

O Guia e o Manual dão maior detalhamento ao modo de transporte rodoviário, pois este é o mais utilizado em todo o mundo e no Brasil, onde responde por 60% da divisão modal. As 22 Boas Práticas para o transporte de carga são capazes de promover tanto impactos positivos ambientais como também econômicos; 80% delas levam à redução de custos, pois agem para reduzir o consumo de energia, os tempos de operação e aumentar a segurança, a confiabilidade, a flexibilidade e a capacidade de operação.

Dentre as Boas Práticas, a transferência modal do transporte de carga do modo rodoviário para o modo ferroviário tem os melhores resultados. Leva a uma redução de 40% nos custos operacionais ao mesmo tempo em que proporciona 47% de redução no uso de energia e 50% na redução da emissão de dióxido de carbono.

De forma simples e concisa, o Manual traz o passo a passo para que empresas possam identificar as Boas Práticas possíveis de serem adotadas em suas atividades. O procedimento divide-se em três etapas: escolha, aplicação e avaliação de Boas Práticas. A escolha pressupõe um conhecimento geral da equipe avaliadora, a identificação do baseline, seguida da escolha da Boa Prática a ser trabalhada.

Na identificação de uma Linha de Base é preciso um olhar abrangente da cadeia logística, o qual engloba a parte de suprimento, segmento da cadeia que antecede o fabricante principal (fábrica), e a distribuição física, segmento da cadeia entre o fabricante principal e o consumidor final. Para a seleção da Boa Prática, o Manual recomenda o uso do Guia e da Análise SWOT, pela facilidade de uso da ferramenta e pela possibilidade de análise do ambiente interno (forças e fraquezas) e externo (oportunidades e ameaças).

O segundo passo, a aplicação de Boa Prática, consiste na efetiva incorporação desta nas atividades da empresa. O terceiro passo, avaliação de Boas Práticas, pressupõe uma avaliação dos resultados obtidos antes e depois da aplicação. Essa avaliação é realizada em quatro etapas: comparação dos resultados obtidos, análise das incertezas, criação de alternativas para comparações futuras e análise das possibilidades de implementação das Boas Práticas.
De posse dos resultados, a divulgação destes deve ser feita por meio de um documento escrito denominado Relatório Técnico para Aplicação de Boas Práticas. Em acréscimo, recomenda-se a realização de workshops com os envolvidos para apresentar e validar os resultados alcançados.

Os treinamentos feitos pelo Programa de Logística Verde Brasil complementa a aplicação do Manual de Aplicação de Boas Práticas e fazem parte do processo de construção de conhecimento. Márcio D’Agosto, Coordenador Técnico do PLVB, salienta o papel dos treinamentos para as empresas. “Essa atividade busca promover o nivelamento e a difusão do conhecimento sobre conceitos básicos de logística, sustentabilidade aplicada ao transporte de carga e logística e avaliação de desempenho logístico. Temos muita informação e pouco conhecimento, por isso o treinamento é importante”.

O PLVB tem o intuito de em 2019 lançar o Guia de Excelência em Sustentabilidade e um sistema de credenciamento das empresas, para que em 2020 possa lançar o Selo Verde Logística. As empresas interessadas em fazer parte do programa reconhecido por instituições internacionais de renome, como o SFC (Smart Freight Center), devem entrar em contato com o programa.  (#Envolverde)