por CAROLINA OMS / edição CAROLINA VICENTIN / colaboração MARIA MARTHA BRUNO, revista AzMina – 

Nos últimos anos, houve um salto de imigrantes do sexo feminino, inclusive no Brasil. Grávidas ou com filhos a tiracolo, elas são uma das partes mais frágeis da pirâmide social do país

Descobrir-se negra, estrangeira, imigrante, desempregada, vulnerável. São solitários os lugares onde são colocadas as mulheres que precisam deixar seu país e reconstruir a vida no Brasil. “O cartório tentou tirar o sobrenome africano de um dos meus filhos, queriam apagar a herança africana dele. No Congo, ninguém me disse que eu era negra, só no Brasil eu soube disso”, conta Prudence Kalambay pouco antes de recitar um poema escrito por ela em uma roda de conversa entre brasileiras e imigrantes em São Paulo.

Prudence é uma das 117 milhões de mulheres imigrantes pelo mundo. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o número de mulheres que deixam seus países vem crescendo desde os anos 2000, na América do Norte, do Sul, Europa e Oceania. Elas já são a maioria entre os imigrantes de todas as regiões, com exceção da Ásia e da África.

No Brasil, entre os anos de 2010 e 2017, a proporção de mulheres imigrantes se manteve estável em 46%. Mas organizações que auxiliam e recebem estrangeiros vêm notando um aumento recente no fluxo delas no país. “No último ano, percebemos uma quantidade quase equiparável à de homens”, observa Karla Ellwein, assistente social na Cáritas, uma organização ligada à Igreja Católica que atua no acolhimento de estrangeiros.

Sozinhas em uma nova realidade, elas passam a sofrer múltiplas discriminações: pela cor da pele, por serem estrangeiras e por sua condição feminina. Ainda assim, conquistam uma autonomia e autoestima que lhes havia sido negada. A congolesa Prudence – que chegou ao Brasil em 2006 com o marido, uma filha pequena e outra criança no ventre – se separou porque sofria violência doméstica. “No Congo, eu deveria aceitar calada, mas aqui eu conheço os meus direitos”, conta, orgulhosa de sua decisão.

É também no Brasil, entretanto, que Prudence sente os efeitos do preconceito de uma forma nunca imaginada. “Eu corri riscos de ser estuprada, de virar mulher de militar. Mas só no Brasil eu me sinto em guerra, porque sou chamada de refugiada. Quando nos dizem ‘tem refugiado aqui’, eu digo ‘não, tem Prudence aqui’.” Hoje, a congolesa – que já foi modelo, cabeleireira e atendente de vendas – sonha em trabalhar como recepcionista bilíngue, por sua fluência em português, francês e lingala.

A luta por direitos

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), em todo o mundo, é cada vez maior o número de mulheres que se deslocam por razões de trabalho, frequentemente como primeiras provedoras da renda familiar. Se, historicamente, elas deixavam o país de origem para se casar ou reencontrar o marido, nas últimas décadas, muitas passaram a migrar sozinhas ou na companhia de outras mulheres.

A jornada em busca de um recomeço, contudo, não é fácil. “Essas mulheres são especialmente vulneráveis à discriminação e ao abuso. Elas enfrentam preconceito por seu status como migrantes e como mulheres. Têm menos acesso a emprego e ganham menos do que os homens e as mulheres nativas”, resume o relatório da OIM.

No Brasil, se o acesso à educação, segurança e saúde já é uma dificuldade para as brasileiras, para as 338 mil migrantes que vivem hoje no país, de acordo com dados da ONU, a carência de creches, escolas e serviços de saúde se transforma em um fardo ainda maior. A tripla jornada, como mães e trabalhadoras, também pesa mais para essas mulheres.

“É muito comum elas chegarem com filhos ou grávidas, sem conhecer ou confiar em ninguém”, diz Karla Ellwein. “São necessárias políticas públicas mais amplas. Até que elas entendam como funciona o sistema de sorteio de vagas em creches e nas escolas, a situação de vulnerabilidade delas vai se agravando”, argumenta.

Além do cuidado com as crianças, outra dificuldade enfrentada por elas diz respeito à moradia. A maioria tem empregos informais e mal remunerados e, portanto, problemas para comprovar a renda. Assim, acabam tendo que sublocar quartos ou casas em condições precárias de terceiros, que cobram ainda caro pelo “serviço”.

Algumas, contudo, encontram saídas alternativas. Foi o que ocorreu com a angolana Bibicha Zola, no Brasil desde 2016. Ela desembarcou no país com um filho de 3 anos e grávida da filha mais nova. Sem saber onde morar, foi parar em uma ocupação em São Paulo. No movimento de luta por moradia, encontrou aliados que a ajudaram a reivindicar a vinda do marido ao Brasil – um direito garantido em lei, uma vez que filha caçula dos dois nasceu por aqui.

Em teoria, o Brasil dá visto permanente a todos os pais de filhos brasileiros residentes no país, com o visto ou residência de reunião familiar. Mas as regras pouco claras sobre a documentação necessária, os altos custos do processo e a dificuldade de comunicação com o Estado atrasam o andamentos das solicitações, mantendo as famílias afastadas por vários anos.

“Muitas angolanas têm medo de criticar o governo abertamente, de falar com a imprensa. Mas eu não desisti até reunir minha família. Eu cansei de ter medo”, diz Bibicha.

Em busca de uma saída (ou de oportunidades)

Não há apenas um motivo que explique a vinda de tantas mulheres imigrantes ao Brasil. “As congolesas, por exemplo, são alvos do estupro como arma de guerra. Então, geralmente, quando as famílias têm que decidir quem vai sair, priorizam as mulheres e as crianças”, explica Karla Ellwein, da Cáritas.

Guerras e instabilidade em países como a Síria, o Haiti e, mais recentemente, a Venezuela também têm gerado um grande fluxo de migrantes dessas nações para o Brasil. Em outras situações, a migração é provocada pela dificuldade em achar trabalho no país de origem. No caso de Angola, o português como idioma comum e a política brasileira de dar a cidadania para estrangeiras mães de filhos nascidos aqui fazem com que muitas mulheres desembarquem grávidas no país.

Ainda assim, estamos muito distantes da realidade de nações com grandes fluxos migratórios, como é o caso dos Estados Unidos. “O Brasil recebe um fluxo relativamente pequeno de imigrantes, perto de sua população”, afirma Fabricio Toledo de Souza, pós-doutorando na Cátedra Sérgio Vieira de Melo, dedicada a estudar temas de refúgio, no Direito da PUC Rio.

“Nos últimos cinco anos, porém, as solicitações de refúgio cresceram de maneira significativa. Recebíamos, em média, cerca de cinco mil pedidos anuais. Atualmente, recebemos mais de cem mil”, diz. “Na história recente do Brasil, nunca houve um fluxo tão grande de imigrantes como agora, com a chegada dos venezuelanos”, explica Fabricio.

Mireille Muluila veio do Congo fluente em seis línguas e formada em Relações Internacionais. Foto: Carolina Oms/AzMina

Há quatro anos no Brasil, Mireille Muluila veio do Congo fluente em seis línguas e formada em Relações Internacionais, mas, como a maioria dos imigrantes com ensino superior, teve que trabalhar em empregos informais até ser contratada pela Cáritas. “Antes, eu ganhava R$ 50 para lavar pratos sem parar das 4 da tarde até às 10 da noite. Entre os imigrantes, existem médicos, advogados e tantos outros profissionais que podem ajudar o Brasil, mas que não encontram oportunidade”, lamenta.

A República Democrática do Congo é a terceira colocada no ranking mundial de deslocamento forçado. São 4,4 milhões de congoleses deslocados internamente, 620,8 mil refugiados e 136,4 mil requerentes de asilo, de acordo com dados divulgados no ano passado pela Agência da ONU para Refugiados.

Hoje Mireille mora com a irmã em Jacarepaguá, bairro da zona oeste do do Rio de Janeiro. Enquanto não consegue trazer seus sobrinhos e parentes para o Brasil, manda todas suas economias para ajudá-los no Congo. “Minha mãe acaba de me ligar. As aulas vão começar e não tem dinheiro pra comprar material escolar. Eu fico com o coração divido. Um pedaço está lá e outro, aqui”, conta, sem desfazer o sorriso que manteve durante toda a entrevista.

Trabalho com sabor, cultura e história

O encontro com um trabalho do qual se orgulham é fonte de autoestima e empoderamento para todas as imigrantes com quem a Revista AzMina conversou.

As compras que Nelly Camacho faz no supermercado dias antes de uma feira de refugiados no Rio de Janeiro se tornam, em suas próprias palavras, “comida com cultura e história”. A ex-professora colombiana chegou à cidade em 2012 e, desde então, suas arepas (quitutes fritos ou assados feitos à base de milho), empanadas e batatas recheadas ajudaram a trazer 16 membros de sua família para o Brasil. Dois filhos gêmeos estudam Relações Internacionais na Universidade Católica de Santos.

As dificuldades comuns à vida dos refugiados ajudaram a forjar seu profissionalismo e dedicação, mas ela conta que vem de uma linhagem de mulheres fortes e transmitiu a herança para as duas filhas e as netas. “As mulheres da minha cultura são decididas. Somos empreendedoras e lideramos nossas casas. Quando éramos crianças, era meu pai quem ficava com a gente. Quase sempre quem trabalhava era minha mãe”, lembra.

Nascida no departamento de Meta, área central do país, Nelly é uma das 6 milhões de pessoas que fugiram de conflitos entre militares e guerrilheiros na Colômbia. Como ela, pelo menos 1,1 mil colombianos conseguiram o status de refugiados no Brasil, a terceira nacionalidade em número, atrás de sírios e congoleses, segundo dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare).

A venezuelana filha de libaneses Maria Elias também encontrou na culinária seu meio de subsistência e conexão com suas origens. Ela e o marido são sócios no empreendimento El Warrak, que prepara encomendas, faz jantares a domicílio e feiras de gastronomia no Rio.

Assim como Nelly, Maria enxerga muito além dos ingredientes e receitas. “Não é só uma troca de dinheiro. Cada produto vendido na minha barraca ou cada encomenda que eu entrego carrega um pouco da minha história, do modo como fui criada. As pessoas percebem este carinho e esse amor no preparo”, diz ela, que, há três anos no Brasil, ainda adota o “portunhol” para se comunicar.

A casa das 25 venezuelanas

A situação dos venezuelanos que cruzam a fronteira com o Brasil traduz, em parte, a dúbia relação do governo brasileiro com os imigrantes. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 30,8 mil venezuelanos vivem no país atualmente. Desses, aproximadamente 10 mil chegaram nos seis primeiros meses de 2018 e 99% estavam concentrados nos municípios de Boa Vista e Pacaraima, em Roraima.

“No atual governo, há uma grande incerteza, os discursos são bastante desencontrados. Por um lado, se fala em não fechar as fronteiras e em acolhimento. Mas, ao mesmo tempo, não se propõe a continuidade das políticas que estavam sendo realizadas e existe um discurso de rechaço aos direitos humanos e à imigração”, critica a professora de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Carolina de Abreu Batista Claro.

Sem capacidade para comportar o aumento no fluxo de pessoas, que equivale a quase 10% da população de Roraima, o governo do então presidente Michel Temer iniciou uma política de interiorização dos imigrantes que cruzam a fronteira. Os que aderem são registrados e levados para centros de moradia em estados como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Pará. No início de fevereiro deste ano, o atual governo destinou mais R$ 14 milhões para a continuidade dessa política.

“A verba está nas mãos do Exército, que tem a coordenação total da iniciativa. É um investimento pesado, mas que é confundido com recursos para a segurança nacional, para fortalecer a presença do exército na fronteira”, afirma Paulo Illes, coordenador-executivo do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (CDHIC).

No Rio de Janeiro, a Cáritas ajuda a receber 25 mulheres e sete crianças trazidas por meio dessa política de interiorização. Não é fácil chegar até a casa onde vivem, no Recreio dos Bandeirantes. Os profissionais que trabalham na acolhida receiam divulgar o endereço e têm preocupação com a maneira com que normalmente a imprensa se aproxima das venezuelanas, buscando histórias tristes e, por vezes, as descrevendo de forma sensacionalista.

Assim, foi com desconfiança que Eliexandra Nuñez, uma das moradoras da casa, recebeu a reportagem da Revista AzMina. Ao poucos, porém, enquanto preparava arepas em uma frigideira larga, ela contou a longa trajetória que a trouxe ao Brasil. Depois de ser violentada pelo namorado da mãe aos 9 anos, viver nas ruas da Venezuela e enfrentar uma depressão, ela decidiu vir sozinha ao país. “O que íamos fazer naquela situação? As coisas na Venezuela estão difíceis. As crianças passam o dia todo sem comer”, relata.

Depois de viajar dois dias de carona, ela chegou tarde da noite a Pacaraima. Logo se juntou com um grupo de homens brasileiros e compatriotas e conseguiu abrigo na casa de um morador da cidade. “Naquela noite, pensei que fosse ficar na rua, passando frio. No dia seguinte, tomei um banho e fui atrás dos documentos”. Foi quando soube da possibilidade de vir para o Rio de Janeiro.

Órgãos como o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e a Organização Internacional para Migrações (OIM) estão prestando assistência aos imigrantes na cidade roraimense, e ajudando-os a retirar documentos, como a carteira de trabalho e o CPF, garantidos por lei no Brasil aos solicitantes de refúgio. A chegada das venezuelanas na casa só foi permitida para aquelas que estavam sozinhas ou com filhos, de posse dos documentos brasileiros.

Outra moradora da casa, Luzmary Diaz Meza deixou a cidade de La Grita, na zona rural da Venezuela, com a filha de 6 anos, para fugir da precariedade econômica. Pouco mais de um mês após sua partida, já conseguiu trabalho no Brasil, no café de um shopping a cerca de 20 minutos da casa. O ex-marido e pai da menina está em Caracas, desempregado.

“Quando decidi vir com minha filha, todos me questionavam sobre como eu iria enfrentar os problemas. Quando me perguntavam se eu tinha onde ficar, se tinha emprego aqui, eu sempre respondia que sim”, lembra. Apesar dos apelos para que não trouxesse a filha, Luzmary não abriu mão de trazer a menina, hoje com 7 anos e que já está fazendo aulas de balé no Rio.

Raízes do preconceito

Eliexandra, Luzmary e as outras moradoras da casa escaparam do auge da tensão do movimento migratório de venezuelanos para o Brasil. Pouco depois de se estabelecerem no Rio, o assalto a um comerciante brasileiro em Pacaraima desatou um conflito que culminou com venezuelanos expulsos da cidade e com boa parte de seus pertences queimados por moradores. A situação ficou ainda mais grave há duas semanas, com o fechamento da fronteira pelo governo venezuelano.

Paulo, do CDHIC, chama atenção para a necessidade de o governo brasileiro promover, além do acolhimento, campanhas contra a discriminação, o racismo e a xenofobia. Ele também defende ações contra o trabalho escravo, já que muitas vítimas desse crime são imigrantes.

A professora Carolina, da UnB, concorda: “A maioria da população desconhece o que é um refugiado, acredita que são como fugitivos. O governo precisa mostrar que são apenas pessoas obrigadas a deixar seus países”, defende. “Já faz mais de dois anos que não existem campanhas nesse sentido e tem havido um aumento na xenofobia, especialmente em relação aos imigrantes de baixa renda, de religiões não cristãs”, observa.

“É difícil ser mulher e estar sozinha nessa condição. Em Boa Vista, me ofereceram um trabalho em um salão de beleza. Mas, quando cheguei no local, era um prostíbulo”, conta Flor Palencia.

Flor Palencia, outra moradora da casas das venezuelanas no Rio, também atribui a violência a esse aspecto. “Quando o imigrante chega sem dinheiro para investir, ele não é só imigrante, mas é pobre. E o pobre incomoda.”

Ex-procuradora federal de 43 anos, mãe de dois filhos, ela já vendeu picolés e bolos, aprendeu a fazer vatapá e deu aulas particulares de espanhol desde que chegou ao Brasil. “É difícil ser mulher e estar sozinha nessa condição. Em Boa Vista, me ofereceram um trabalho em um salão de beleza. Mas, quando cheguei no local, era um prostíbulo. Perguntei: ‘onde estão os espelhos e as cadeiras?’ E me disseram que eu devia esperar os clientes chegarem. Então eu falei: ‘desculpem, esse não é meu trabalho’”.

O rastro da partida de Flor Palencia é político. O êxodo começou quando ela fez uma denúncia sobre tentativas de extorsão na cidade em que morava, Los Teques, departamento de Miranda, um dos mais importantes do país e berço de Diosdado Cabello, homem forte dos governos de Nicolás Maduro e Hugo Chávez.

Ela e sua família tiveram que pagar a chamada “vacina” a três rapazes que cobravam cotas dos moradores no bairro em que vivia. Quando a segunda cobrança chegou, Flor não tinha dinheiro. Sua mãe identificou um dos rapazes, filho de um político do PSUV (partido do governo) na Assembleia Nacional. “Fiz a denúncia na imprensa. Eles já estavam envolvidos em outros delitos, como sequestro, roubo e tráfico de drogas. Começaram a ligar para minha casa, fazendo ameaças”, ela conta.

Desde que chegou, Flor conseguiu reconhecer parte de seus títulos universitários. Ela tem vontade de voltar a exercer seu ofício anterior à advocacia: docente infantil. Trabalhar com gastronomia também está em seu horizonte, já que ela gosta de cozinhar e aprendeu ainda mais quando teve que se virar vendendo comida brasileira em Roraima. “Há dias em que você fica deprimida, porque não está no seu espaço, nem perto da sua família. Mas você tem que se adaptar do zero.”

Apesar das geografias e trajetórias totalmente distintas, as mulheres da casa têm em comum um senso de gratidão em relação ao Brasil. Luzmary fala nas pessoas “gentis e generosas” que a estão ajudando, enquanto Flor se diz “apaixonada” pelo país e fala em retribuir tudo o que recebeu aqui. “Eu vim sozinha e conheci brasileiros e brasileiras que se tornaram minha família em vários momentos. A melhor forma de retribuir é com nosso esforço, com uma maneira digna de trabalhar e dizer ao país: ‘Somos venezuelanas e estamos nos saindo muito bem. Obrigada por nos receber’”.

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