Os problemas e soluções da nova fase do Facebook

Facebook tem difícil missão de continuar sendo inovador. Foto: Reprodução/Internet

Facebook precisa, mais do que qualquer outra empresa, se preocupar com a sua imagem pública

As últimas duas semanas não foram fáceis para Mark Zuckerberg. As ações do Facebook caíram 25% desde a abertura do capital, e acionistas estão processando a empresa. Zuckerberg não é mais uma das quarenta pessoas mais ricas do mundo. A FTC, uma agência de fiscalização norte-americana, está solicitando informações sobre a compra do Instagram pelo Facebook.

Mas, pode-se dizer que os problemas irão passar. Visto por um ângulo mais amplo, a oferta de ações foi muito bem. Quando os preços das ações de uma empresa disparam após um IPO, isso significa que a própria empresa, que vende as primeiras ações com uma oferta inicial, perdeu. E, independentemente do preço de suas ações, o Facebook ainda tem uma posição dominante na internet. Um artigo da The Atlantic aponta que os usuários da internet passam o dobro de tempo no Facebook do que normalmente dedicam ao Twitter, Google+, Tumblr, Pinterest e LinkedIn juntos. De acordo com o jornal, de cada cinco páginas acessadas na internet, uma é do Facebook, o que o torna valioso.

Mas o tumulto dos últimos dias traz uma questão importante: o Facebook precisa, mais do que qualquer outra empresa, se preocupar com a sua imagem. Tem que ser visto como confiável e, acima de tudo, inovador. Uma má gestão do IPO não é bom, nem enganar acionistas. Investigações governamentais também não são boa coisa. E perder cerca de US$ 5 bilhões, como aconteceu com Zuckerberg, decididamente não é bom.

As soluções

A estratégia de negócios do Facebook é, essencialmente, colonizar o resto da web. O objetivo é que a conta do Facebook se torne um login universal para outros sites. Ele quer fazer parcerias com fontes de notícias para que os usuários do Facebook sejam notificados sobre o que seus amigos estão lendo. Ele quer que transações sejam feitas pelo Facebook, e que tenha jogos. Mas cada um dos negócios precisa de um parceiro, e o parceiro precisa se sentir bem sobre o Facebook. Será que tais amizades serão fáceis de ser formadas agora que o Facebook é um gigante monetário?

O Facebook também está prestes a entrar em uma nova fase de gestão pessoal. Nos últimos anos, a empresa podia recrutar e contratar quase qualquer engenheiro que queria, já que o candidato se tornaria facilmente um “novo-rico”, com participação nas ações. Era o lugar para onde todos os hackers estavam indo para obter ouro. Agora, porém, a maioria das opções sumiu, o dinheiro e as ações já foram entregues. Como aconteceu com o Google há oito anos, a empresa se transformou em um lugar com a desigualdade de renda igual a do Brasil. Muitas pessoas são muito ricas e as pessoas que chegaram mais tarde, não são.

Então, como pode o Facebook atrair programadores inteligentes, solucionadores de problemas e pensadores livres? É preciso, em primeiro lugar, manter sua reputação com os hackers. A decisão de Zuckerberg de se reunir com banqueiros antes da abertura de IPO foi uma maneira inteligente de enviar um sinal de que ele pretende manter sua cultura rebelde. Mas não está claro como os jovens talentos serão persuadidos a ingressar na empresa.

A reputação da equipe de gestão do Facebook também tem sido manchada, principalmente pelas acusações de que a equipe não estava inteiramente confortável com a abertura do capital. Em parte, porque antes o poder se centralizava em Mark Zuckerberg, era preciso confiar nele. Ainda é preciso? Sim, mas não tanto como há duas semanas.

Ninguém vai construir um concorrente direto para o Facebook. As redes sociais crescem a partir do efeito de rede, e quanto mais usuários eles conseguem, mais pessoas eles atrairão. O Facebook estará presente por muito tempo e renderá muito dinheiro. Mas as coisas não andam muito bem, e o Facebook pode se tornar o que a Microsoft se tornou nos meados nos anos 90: uma empresa que é temida, não confiável e raramente amada.

A solução pode ser a publicidade

Com a pressão para aumentar os lucros e viver de acordo com a sua gigantesca oferta, o Facebook está cada vez mais apostando na abordagem publicitária para gerar receita. A rede social é potencialmente interessante para empresas que transformam a afinidade de um usuário em propaganda para seus amigos.

Os usuários, que concordam em participar dos anúncios em meio às mais de 4 mil palavras do termos de uso do site, estão se tornando ferramentas para a criação de anúncios publicitários através do que postam.

O Facebook recentemente começou a exibir histórias patrocinadas em sua página, que aparecem muito mais que os links tradicionais. De acordo com pesquisa realizada recentemente, os consumidores são 50% mais propensos a se lembrar de um anúncio se ele veio de uma informação compartilhada pelos seus amigos.

Ao contrário dos anúncios tradicionais, que podem ser desativados na configuração de privacidade do Facebook, as histórias patrocinadas não podem ser desligadas, já que elas fazem parte do feed de notícias de seus amigos. A ideia é alavancar a preferência declarada de um usuário e espalhá-la através de seus contatos. O gatilho utilizado para esse tipo de publicidade é o botão “curtir”, que exibe automaticamente o conteúdo para os outros usuários.

* Com informações do The New Yorker e The New York Times.

** Publicado originalmente no site Opinião e Notícia.