Por Júlio Ottoboni, editor-chefe da Envolverde
O engenheiro industrial mecânico, Rafael Cotrim, está acostumado com maquinários imensos, mas são pequenas criaturas, minúsculas, que prendem definitivamente sua atenção. Há 18 anos descobriu sua paixão por abelhas sem ferrão e passou a cria-las, estuda-las, protege-las, além de compartilhar seu conhecimento e interesse pelas espécies jataí e mandaçaia.
Atualmente possui seis caixas, que ele mesmo construiu, com colmeias ativas com milhares de abelhas saudáveis que ajudam todo o meio ambiente da região onde mora, no Jardim Esplanada, centro de São José dos Campos. Isso no espaço do terreno de sua residência, onde as monitora e trata para que possam procriar e se desenvolver.
“Eu era pequeno e meu pai tentou capturar umas abelhas jataí que estavam no muro de casa e ele não consegui, mas surgiu o meu interesse”, comenta Cotrim, que na época tinha 15 anos de idade. Depois disso começou a estudar e pesquisar cada vez mais o que se tornaria seu hobby favorito.
O próximo passo foi construir caixas racionais, nome dado ao abrigo para as abelhas sem ferrão. O ninho que se torna uma colmeia tem tamanho e divisões específicas para cada espécie, inclusive o modelo a ser construído e características próprias, como ser de madeira maciça e como induzir a entrada do enxame.
Na época, ainda estudante do curso de eletrônica, Cotrim tentou sua primeira experiência com as caixas que construíra. Então a pendurou em uma árvore na casa da família e deu certo, algumas centenas de jatais a escolheram como ninho.
“Sempre fiz isso por prazer, nunca explorei nada da abelha e nem o que produz, como o mel. Aprendi a valorizar a importância da abelha na natureza e tenho isso como minha colaboração com o meio ambiente”, comenta o engenheiro.
Suas caixas colocadas são distribuídas cuidadosamente em seu quintal, em locais de sombra e em posições que o microclima do lugar favoreça o desenvolvimento da espécie. As abelhas ficam cativas ao lugar e todo dia pela manhã saem em busca de pólen e retornar para as caixas.
Como está a cerca de 500 metros do Ribeirão Vidoca, um dos principais cursos dágua que cortam a cidade, Cotrim tem certeza que enxames surgidos em seu pequeno santuário de abelhas já conseguiram se estabelecer em outros lugares nas proximidades. Uma certeza a mais, elas estão ajudando a recompor a natureza.
“Mesmo elas com elas dentro da cidade ainda encontram muito pólen, pela manhã noto que chegam com as patas cheias. Hoje meu pai, que mora aqui perto, também tem 4 caixas em sua casa. Tenho planos para multiplicar as caixas de mandaçaia”, revela.
Desde 2006 criando as abelhas em sua casa, onde encontrou duas colmeias nativas das pequenas jataí nos muros, quer difundir seu conhecimento adquirido ao longo de duas décadas no trato e manejo das abelhas.
“Elas não picam, não tem veneno, não atacam e convivem pacificamente com os humanos, sem dar o mínimo problema. Não geram custo e precisam de muito pouco para se fixarem ao lugar”, destacou. Agora pretende criar um blog sobre abelhas sem ferrão para estimular as pessoas a criarem as espécies, além de ser uma maneira partilhar o conhecimento ambiental e conservacionista que o levou ao mundo que o fascina a cada instante.
O engenheiro está a disposição para quem se interesse pelo assunto e atende pelo e-mail [email protected]