O bioma Caatinga perdeu 1.921 km2 entre 2008 e 2009, segundo dados divulgados na sexta-feira, 17 de junho, pelo Ministério do Meio Ambiente. A extensão desmatada equivale a 200 campos de futebol. Em relação à área total, o desmate no período corresponde a uma perda de 0,23% ao ano na vegetação local, cuja área original era de 826.411 km2. Na pesquisa anterior, a taxa ficou em 0,28% (quando foram desmatados 2.300 km2).
Os estados que mais desmataram o bioma entre 2008 e 2009 foram a Bahia (638 km2), o Ceará (440 km2) e o Piauí (408 km2), que juntos foram responsáveis por 77% da derrubada total no período. Os dados são do Centro de Sensoriamento Remoto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
“Apesar da queda, já temos uma perda expressiva do bioma, de quase 46% da vegetação original. Isto demonstra a urgência de estimular projetos para o uso sustentável dos recursos da Caatinga”, alertou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ao fazer alusão ao manejo ambientalmente correto das árvores e ao extrativismo.
O desmatamento mais recente do bioma está ligado a exploração ilegal de madeira para produção de carvão. Além da ameaça do desmatamento, a Caatinga é um dos mais vulneráveis às mudanças climáticas, com áreas sob grave risco de desertificação.
Embora o ministério não tenha divulgado as metas desejáveis para a preservação do bioma, a pasta admite que o objetivo é reduzir ainda mais o ritmo de desmatamento, pois o resultado entre 2008 e 2009 foi considerado “insatisfatório”.
De acordo José Arthur Seyffarth, coordenador do núcleo do bioma Caatinga do Ministério do Meio Ambiente, a principal consequência do desmatamento é a desertificação, fenômeno de degradação em áreas secas que causa empobrecimento do solo e escassez de recursos hídricos. “Grande parte do cultivo feito no Nordeste é nas margens dos rios, o que leva à falta de água e a futuros problemas de plantio. É um ciclo vicioso”, explicou o especialista à Folha.com.
Outro problema em relação ao desmatamento é a perda da vegetação original. “A biodiversidade da Caatinga ainda não é totalmente conhecida. Haverá perda de potencial biológico, caso os biomas sejam destruídos”, adiantou Seyffarth.
* Publicado originalmente no site EcoD.