Ambiente

Instituto Terra trabalha no desafio de refazer a Mata Atlântica

RPPN Fazenda Bulcão. Foto: Weverson Rocio
RPPN Fazenda Bulcão. Foto: Weverson Rocio

Reflorestamento da RPPN Fazenda Bulcão, sede da ONG ambiental em Aimorés-MG, receberá novos plantios para aumentar a biodiversidade.

Por Redação do Instituto Terra – 

Aimorés-MG/Março de 2016 – Uma complexa rede de interações entre mais de 20 mil espécies vegetais. Assim é o delicado ambiente da Mata Atlântica. Refazer essas interações de forma associada ao resgate da biodiversidade é um dos grandes desafios dos projetos de reflorestamento.  É justamente nesta etapa de revegetação da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Bulcão que o Instituto Terra está trabalhando desde o ano passado com o apoio da Crédit Agricole Suisse Foundation.

A Fazenda Bulcão era uma área completamente degradada quando recebeu o titulo de Reserva Particular do Patrimônio Natural, em 1998, diante do compromisso assumido por Lélia Deluiz Wanick Salgado e Sebastião Salgado de reflorestar a área. Hoje é possível observar, em pleno crescimento, exemplares de Amendoim de Minas (Enterolobiumcontortisiliquum), Angico Canjiquinha (Peltophorumdubium), Angico Curtidor (Anadenantheraperegrina), Araça(Psidiumacutangulum), Aroeira do sertão (Myracrodruonurundeuva), Cajá Mirim (Spondias macrocarpa) e Peroba Amarela            (Paratecoma peroba), entre as mais de 190 espécies que foram plantadas ao longo desses 17 anos, permitindo resgatar e cobrir de verde uma terra que antes estava completamente seca, recortada pela erosão.

A área da Fazenda doada pelo casal ao Instituto Terra, além da floresta em franco crescimento, abriga diversas atividades de pesquisa e educação ambiental, bem como projetos de reflorestamento e proteção de nascentes em vários municípios do Vale do Rio Doce.

O apoio da Crédit Agricole Suisse Foundation está permitindo somar ao reflorestamento mais 16,8 mil mudas de 30 novas espécies nativas. Os recursos vão garantir ainda a manutenção dessas novas árvores até dezembro de 2016, com atividades como controle de pragas e roçadas seletivas. As novas mudas vão cobrir 17,5 hectares da RPPN, que conta ao todo com 608,69 hectares, o que equivale a uma área do tamanho de 842 campos de futebol de tamanho oficial.

São etapas que demonstram como o trabalho para refazer uma floresta vai além do plantio de mudas nativas de forma sistemática. “Florestas não são apenas árvores, mas se constituem de inúmeras interações entre árvores, fauna e outros diversos tipos de vegetação. São essas interações, que ao serem destruídas pelo homem, mesmo apresentando alguns fragmentos, necessitam da intervenção para se restabelecer”, explica o gerente Ambiental do Instituto Terra, Jaeder Lopes Vieira, ressaltando que para alcançar o restabelecimento da mata será preciso empenho, paciência e respeito ao ritmo da natureza.

O reflorestamento da Reserva do Instituto Terra realizado nos últimos 17 anos envolveu o plantio de mais de dois milhões de mudas nativas de Mata Atlântica, utilizando um número elevado de espécies – mais de cem por área, com destaque para aquelas que apresentavam um crescimento rápido, cobriam bem o solo e incorporavam matéria orgânica e nutrientes, protegendo o solo do impacto direto das chuvas e melhorando as suas características físicas e químicas. Foi uma etapa visando proteger o solo, melhorar as condições edáficas e garantir disponibilidade de alimento para a fauna, que também contribui na regeneração da floresta, com a polinização e dispersão das sementes.

A parceria com a Crédit Agricole Suisse Foundation vai fortalecer a etapa de enriquecimento dessa área plantada com espécies denominadas de clímax. São as árvores que dominam as copas da floresta, vivem mais tempo e geralmente são as maiores, tais como braúna, óleo de copaíba, pau brasil, pitomba amarela, peloteira e palmito doce, entre outras. Promovendo o incremento da biodiversidade da floresta replantada, aumenta-se também a capacidade dela absorver com maior sucesso as espécies mais sensíveis deste complexo bioma que é a Mata Atlântica.

Sobre o Instituto Terra

Fundado em 1998 por Lélia Deluiz Wanick e Sebastião Salgado, o Instituto Terra é uma associação civil, sem fins lucrativos, que promove a recuperação da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce há 17 anos. Atua por meio da restauração ecossistêmica, produção de mudas nativas, extensão ambiental, pesquisa científica aplicada e educação ambiental, em municípios de Minas Gerais e Espírito Santo. Sua sede se localiza na Fazenda Bulcão, em Aimorés (MG), área reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).  O título conserva seu ineditismo por se tratar da primeira RPPN criada em uma área degradada, com o compromisso de vir a ser recuperada. Ao todo, desde sua fundação, o Instituto Terra já  contabiliza 7,5 mil hectares de Mata Atlântica em processo de recuperação no Vale do Rio Doce e a produção de mais de 4 milhões de mudas nativas. Na área de Educação Ambiental, até o momento, mais de 700 projetos educacionais já foram desenvolvidos para um público superior a 72 mil pessoas, de 176 municípios do Vale do Rio Doce. Mais informações no site www.institutoterra.org.