Por Redação da Envolverde –
Ao contrário de fazer uma retrospectiva de 2015, neste final de ano o mais importante é lançar um olhar sobre os próximos 12 meses e ver como fazer de 2016 um ano realmente relevante para a História. O ano começa carregando passivos ambientais, políticos e econômicos importantes, o que vai exigir muito trabalho, boa vontade e inovação para reverter o quadro de desalento que se espraia desde 2014 sobre a sociedade brasileira e boa parte do mundo.
No Brasil 2016 deverá ser o ano para o grande debate de políticas públicas urbanas. Em outubro haverá eleições municipais e as cidades enfrentam dilemas importantes em habitação, saúde, educação, mobilidade e outros temas fundamentais para a cidadania e para a qualidade de vida de cerca de 75% da população do país, que vive nos 5.561 municípios do país, segundo dados recentes do IBGE. O universo urbano brasileiro é formado por 31 cidades com mais de 500 mil habitantes e 196 com população entre 100 mil e 500 mil habitantes. E todas as cidades concentram 153 milhões de pessoas.
Esse cenário coloca as problemáticas aglomerações urbanas do Brasil no centro das atenções das políticas de sustentabilidade. Cidades são as áreas mais afetadas pelas mudanças climáticas e, também, os maiores consumidores de energia, combustíveis e recursos naturais do planeta. Apenas como referência, um estudo de 2013 publicado na revista científica Nature alertou que o custo mundial das inundações nas cidades poderia aumentar para US$ 1 trilhão por ano até 2050, e os prejuízos poderiam se propagar por todos os cantos do planeta. Esse mesmo estudo aponta que quase 830 milhões de pessoas vivem em periferias urbanas com graves deficiências em infraestrutura e serviços. Isso torna as cidades as áreas mais vulneráveis a eventos climáticos extremos.
Outro estudo, desta vez do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) aponta que as concentrações urbanas são responsáveis por até 80% das emissões mundiais de gases estufa e calcula-se que até 2050 devem abrigar 70% da população mundial, que também deve crescer dos atuais 7,4 bilhões de pessoas, para perto de 9 bilhões de seres humanos.
Retomando o cenário brasileiro para 2016, as cidades devem estar no centro das atenções. Até 2014 as cidades sedes da Copa do Mundo receberam investimentos em infraestrutura e mobilidade urbana, no entanto muitas dessas obras ficaram pendentes, sem conclusão ou pior, tiveram seus recursos desviados em esquemas fraudulentos entre políticos e empreiteiros. Com a Conferência do Clima de 2015, em Paris, os principais governos do mundo se comprometeram a uma profunda transformação da economia em direção ao controle da temperatura planetária. Essa promessa terá de ser assumida principalmente pelos governos locais, as prefeituras, que são responsáveis pelo habitat humano, pela mobilidade das pessoas e das cargas, pela saúde e boa parte da educação.
Isso coloca as eleições municipais de 2016 entre as mais importantes já realizadas. Há um choque entre o passado e o futuro à vista. Como serão as cidades que irão atravessar o século 21 deve ser decidido neste ano, nestas eleições.
O jornalismo praticado pela equipe da Envolverde neste novo ano terá como desafioas necessidades de informações para que essa transição possa seguir em boa direção, dentro da normalidade democrática e com debates estruturados em torno dos temas mais relevantes do desenvolvimento humano.
A transformação dos processos econômicos em direção a uma economia de baixo carbono e de qualidade de vida para as pessoas vai precisar de muita informação, conhecimento e inovação. Colaborar para que a sociedade tenha acesso a informações relevantes que ajudem a pavimentar o caminho para o futuro é o compromisso da equipe de jornalistas e colaboradores do Portal Envolverde. (#Envolverde)