Sociedade

São José registra aumento de serpentes nas ruas

Júlio Ottoboni, especial para a Envolverde – 

Diversos bairros de São José dos Campos estão enfrentando problemas com o surgimento de cobras em áreas residenciais e em vias públicas neste começo de outono. A área urbana da cidade ficou vários meses sem receber capina em locais de grande incidência de repteis o que favoreceu tanto a proliferação com o surgimento de diversas espécies de animais peçonhentos, como cobras e escorpiões.

Um dos motivos é o crescimento da área urbana para localidades com ecossistemas estáveis, em antigas áreas de pastagem e também de residuais da Mata Atlântica, como no bairro de classe média alta Urbanova, onde se concentra a maior parte de loteamentos fechados e condomínios residenciais da cidade.

O lugar era uma antiga fazenda de café que foi abandonada com o declínio da produção ainda nos anos 30 e depois foi usada por área de pastagem, além de ser banhado pelo Rio Paraíba do Sul. Nos anos 90 houve o início de uma grande especulação imobiliária no lugar e que rapidamente transformou todo o ecossistema que estava em equilíbrio na antiga área de fazenda em loteamento de alto padrão e cercados por muros e telas, inclusive interrompendo cursos de fragmentos de Mata Atlântica e de ribeirões e riachos.

Segundo a vereadora Dulce Rita (PSDB), que integrou várias comissões de meio ambiente na câmara local, o problema alastrou e fugiu do controle. “Temos casos de relatos em toda a cidade, praticamente todas as regiões, onde mora mesmo houve um na semana passada envolvendo uma cobra. A administração passada deixou de limpar e roçar praticamente toda as áreas públicas da cidade e agora a prefeitura não está dando conta do volume da demanda”, comentou.

A situação chegou a um nível de gravidade que o cemitério do bairro de Santana, na zona norte da cidade, centenas de escorpiões invadiam as ruas e casas da redondeza nas noites do começo deste ano. A construção centenária do muro passou a abrigar uma população imensa desses animais. A prefeitura mandou que se retirasse todo o antigo reboco da construção e o refizessem com material liso, que impedisse a subida do aracnídeo pelas paredes e que toda a extensão do muro fosse pulverizada com inseticida.

No bairro Urbanova, no último final de semana, pelo menos 10 registros de cobras foram feitos à policia ambiental e comentados nas redes sociais. A maioria delas é de cascavel, embora se tenha relatos de cobra coral e jararacas. Segundo os biólogos, a proximidade com o Rio Paraíba do Sul e um ambiente que permaneceu intocado por décadas favorece o surgimento desses animais. Muitos deles buscando alimentos, cada vez mais escassos na região que habitam.

O Centro de Recuperação de Animais Silvestres (Cras), da Universidade do Vale do Paraíba (Univap) mantém um setor somente para atender os casos com serpentes, foi criado um ofídiário que recolhe e recebe diversas espécies, algumas delas endêmicas, de ocorrência apenas neste trecho do Vale do Paraíba e de veneno altamente letal. A Polícia Ambiental também está capacitada a fazer o resgate de serpentes encontradas dentro da malha urbana. Com as noites mais frias de outono, as serpentes procuram as áreas mais quentes para ficar, que geralmente são as ruas e calçadas de concreto. Até o momento não ocorreu nenhuma acidente envolvendo pessoas e serpentes. Entretanto são vários os registros de animais  domésticos que foram mortos após serem mordidos por cobras, principalmente cascavéis. (#Envolverde)