Sociedade

Ler no ônibus é “cool”

Leno Silva, especial para a Envolverde  – 

Houve um tempo em que era comum ver pessoas utilizando as viagens de ônibus para leitura de livros, revistas, gibis ou até de catálogos de venda direta.

Eu mesmo, nos quatro anos que fiz faculdade, como o trajeto era relativamente longo, aproveitava o “busão” para estudar, repassar o texto que seria discutido poucas horas depois ou esboçar a redação encomendada pela professora de linguagem da comunicação.

Na era dos Smartphones são restritos os que se arriscam sair de casa acompanhados de um livro para degustar durante a permanência nos transportes públicos. A preferência nessa época de conectividade instantânea é por textos curtos, superficiais na maioria, os quais saltam das telas dos celulares diretamente para os cérebros indisponíveis a exercitar raciocínios mais elaborados ou mesmo tentar uma reflexão básica antes de clicar no ícone “Curtir”, do Facebook ou, no “Coração”, do Instagram.

Embora ameaçados de extinção, os livros persistem, vendem, e ainda se configuram como um produto de primeira necessidade para um bom contingente.

Num trajeto para casa tive a felicidade de encontrar um senhor sentado no coletivo degustando a sua leitura, com total atenção. E não era ficção. Prestes a descer, ele fechou o seu exemplar e o guardou numa pequena pasta com zíper, a qual acondicionava a obra com perfeição. Pareceu-me até que o acessório foi confeccionado sob medida.

Dos mais de 40 passageiros sentados, apenas o senhor de cabelos brancos preservava um hábito que já foi rotina, mas que agora talvez seja considerado “cool”, mania de “nerd”, ou coisa de quem vive off-line, em outras sintonias. Por aqui, fico. Até a próxima. (Envolverde)