Por Reinaldo Canto, de Brasília, especial para a Envolverde –
O sucesso propriamente dito do evento em si com ampla participação e importantes trocas de experiências e informações não pode servir de referência quando o que mais interessa, efetivamente, é a busca do acesso universal à água para todos os habitantes do planeta.
Foram seis dias intensos de trocas de informações. Ao menos a realização de 300 mesas de discussões e debates; exposições, manifestações e a participação de quase 100 mil pessoas, o Fórum Mundial da Água se despede do Brasil rumo ao Senegal-2021.
O que ficou patente nesta edição do Fórum foi que o caminho rumo à segurança hídrica ainda é um sonho distante e tende a piorar ainda mais antes de começar a reverter esse quadro.
Mesmo com os bons exemplos apresentados como o reuso de água de esgoto na agricultura em Israel; o trabalho de transparência e governança exercido pela Fundação Renova no Rio Doce e grandes empresas que tem reduzido muito o uso de água em seus processos produtivos, para ficar em alguns poucos casos, a situação planetária como um todo é bastante preocupante.
Encerramento faz apelos por maior engajamento e revela boas intenções para o futuro
Um documento assinado pelos mais de 100 países, cujo título já revela a dimensão do problema: “Chamamento urgente para uma ação decisiva sobre a água”, faz um apelo de urgência para que as nações tomem medidas mais concretas para enfrentar questões como o do fornecimento de água e da universalização do saneamento básico.
Foi ressaltada a necessidade de aumentar os esforços para enfrentar as mudanças climáticas e alcançar o que prevê os ODSs – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, entre eles, o acesso universal à água de boa qualidade para todos.
Entre pontos destacados no documento final estão buscar fortalecer políticas e planos nacionais de gestão dos recursos hídricos; restaurar os ecossistemas que contribuem para o fornecimento de água e uma participação efetiva das empresas privadas para buscarem cada vez mais a sustentabilidade no uso da água em conformidade com os planos nacionais existentes. A transferência voluntária de tecnologias, bem como, o estabelecimento de financiamentos que contribuam para a eficiência no uso dos recursos e seu tratamento; capacitação profissional e o investimento em educação foram outros pontos levantados pelas delegações oficiais.
As Nações Unidas divulgaram durante a realização do Fórum Mundial da Água, o documento intitulado Relatório sobre situação dos Recursos Hídricos no planeta.
O documento afirma que a crescente demanda mundial por água, seja por aumento populacional, seja pelo desenvolvimento econômico ou mudanças no padrão de consumo exigem ações urgentes, principalmente no que se refere à recuperação e preservação dos ecossistemas.
Muitos países já enfrentam situações críticas de escassez hídrica e o problema tende a se intensificar. Atualmente a demanda mundial está em torno de 4.600 km cúbicos por ano e a ONU calcula que esse consumo irá aumentar de 20% a 30%, atingindo um volume entre 5.500 e 6 mil quilômetros cúbicos até 2050. Na produção agrícola e energética (alimentos e eletricidade majoritariamente) o crescimento deverá ser ainda maior entre 60% e 80%, respectivamente, já em 2025.
Nos próximos três longos anos até o Fórum no Senegal (Dakar/2021) a sociedade global terá de se debruçar sobre as conclusões de Brasília e redobrar seus esforços para que o problema não se torne ainda mais alarmante e perigoso para ser debatido no próximo encontro. (#Envolverde)