Por Deivison Pedroza* –
O derramamento de óleo no Nordeste brasileiro é um assunto que não tem dia e nem hora para acabar. Novas regiões estão sendo atingidas e eu evito citar números, pois eles não param de crescer. Estamos quase próximos da fonte que causou toda essa tragédia, mas os motivos talvez a gente nunca conheça. O impacto do derramamento, no entanto, ainda é desconhecido, visto que não se sabe a quantidade vazada. Segundo autoridades que apuram os danos causados pelo episódio, a estimativa do prejuízo econômico causado com o vazamento deverá chegar na casa dos bilhões. Em contrapartida, o valor máximo estipulado para a multa é de só R$ 50 milhões, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Vivemos grandes incertezas sobre este episódio. Enquanto isso, assistimos nossa biodiversidade acabar. E não há valor que cubra tamanho dano. Já vimos animais encontrados mortos ou completamente manchados com óleo. Agora sofremos ao ver nossos recifes de corais pagarem o preço. Tudo está em perigo. Não se sabe quantos recifes foram atingidos nem a extensão dos danos. Segundo biólogos, esses organismos são praticamente impossíveis de limpar, pois o óleo é tóxico para eles e os produtos de descontaminação existentes são ainda mais nocivos. Importantes para o turismo, os recifes de corais são fundamentais para atividade pesqueira, pois numerosas espécies de peixes, crustáceos e moluscos precisam deles para se reproduzir.
Mas além do impacto ambiental é preciso também levar em conta os prejuízos socioeconômicos advindos com as manchas de óleo, tais como o sustento de muitas famílias que dependem tanto do turismo quanto da atividade da pesca. Muitos estados já interromperam suas atividades nas áreas atingidas, o que acabou afetando toda a cadeia produtiva, inclusive o trabalho de mulheres e distribuidores de todo o pescado. São inúmeros também os relatos de pessoas que deixaram de viajar para o Nordeste por conta das manchas, ou que diminuíram drasticamente as reservas feitas em hotéis e pousadas porque os locais onde o óleo chega se tornaram impróprios para banho.
Os prejuízos são incalculáveis. E quem paga por isso? Ainda não sabemos quem paga o quê. E essa resposta ainda não chegou porque o foco agora é tentar resolver o problema. O meio ambiente não tem tempo a perder e pode demorar muito a se recuperar se nós perdemos tempo procurando os culpados. É hora de parar com suposições e partirmos para o ataque. Precisamos criar programas, ações que revertam esse quadro e evitem que novas tragédias como essa aconteçam.
*Deivison Pedroza é CEO do Grupo Verde Ghaia
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