Por Reinaldo Canto, especial para a Envolverde
Neste que é o mais explorado e desmatado bioma do país, lar da maioria dos brasileiros e das suas maiores cidades, a resposta para a pergunta do título é, infelizmente, um eloquente não!!
Um estudo realizado pelo Atlas da Mata Atlântica, lançado desde 1989 pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) constatou que, apesar de restarem apenas 12% da cobertura original, o ecossistema segue sendo devastado.
Nós já deveríamos, há muito tempo, estar trilhando o caminho da recuperação florestal tendo em vista os serviços ambientais que as florestas nos fornecem como a regulação climática, melhora da qualidade do ar e o fornecimento de água de qualidade, isso para não falar dos efeitos psicológicos positivos que a natureza nos proporciona, ainda mais nestes tempos de pandemia.
Pois eis que o vil metal, apesar dos irrefutáveis argumentos apontados acima, ainda ditam as regras da exploração indiscriminada e que a todos penaliza. Segundo dados divulgados pelo Atlas, dos 17 estados localizados no que restou da Mata Atlântica, oito tiveram crescimento no desmatamento com destaque para São Paulo e Espírito Santo que tiveram índices superiores a 400%, no período 2019/2020 em comparação ao levantamento anterior de 2018/2019. Em outros dois, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul a devastação mais que dobrou. Os outros estados são Ceará, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Mas não foram apenas esses, Alagoas e Rio Grande do Norte, por exemplo, também ampliaram o desmatamento, só não entraram no estudo da SOS, pois seus dados não estavam disponíveis no relatório anterior.
Uma das principais razões para a derrubada dos remanescentes de floresta existentes, no caso de São Paulo, foi a exploração imobiliária.
“É preocupante que o levantamento mais recente da SOS Mata Atlântica indique aumento das perdas de vegetação nativa e, em especial, casos de reversão. Como São Paulo, que após anos de desmatamento praticamente zerado volta a ter perdas de floresta. Isso causa perdas dos serviços ambientais e agrava os efeitos das mudanças climáticas. Além de aumentar as emissões de carbono prejudica nossa capacidade de adaptação, ao afetar os recursos hídricos a produção de alimentos e a saúde dos ecossistemas e das pessoas”, comenta Roberto Resende, presidente da Iniciativa Verde, organização que trabalha com recuperação florestal.
De certa maneira e, há que se lamentar profundamente, esse estado de coisas não deve nos surpreender, pois o momento que vivemos faz prevalecer o negacionismo e a visão de mundo do século XIX estimulada pelo governo federal e replicada também em muitos estados.
Por outro lado, também é preciso ressaltar que nem tudo se resume a más notícias. O estudo do Atlas da Mata Atlântica apontou que seis estados tiveram queda nos índices de desmatamento registrados em relatórios anteriores, são eles: Paraná, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Bahia e Sergipe.
Mesmo diante de um cenário nada otimista, a Mata Atlântica merece ser celebrada por tudo que ela já foi capaz de nos proporcionar ao longo dos séculos. Ela é parte integrante da identidade de todos nós. Recupera-la e respeita-la é urgente e uma responsabilidade de toda sociedade brasileira.
Viva a Mata Atlântica! Hoje e sempre!
#Envolverde