Pesquisadores brasileiros devem iniciar a retirada dos grupos de mico-leão-de-cara-dourada em uma área de Niterói – região metropolitana do Rio de Janeiro o final de 2011.
Segundo Maria Cecília Kierulff, coordenadora da operação e diretora do Instituto Pri-Matas, a espécie considerada invasora foi acidentalmente solta na área que já era habitada pelo mico-leão-dourado natural da região, há dez anos.
“Ele é muito próximo do mico-leão-dourado. Essas espécies ocupam o mesmo tipo de ambiente, alimentam-se das mesmas coisas, dormem nos mesmos locais. Ele pode até, de alguma forma, excluir o mico-leão nativo se essas duas espécies se encontrarem”, afirmou a pesquisadora à Agência Brasil.
Em 2009 havia na floresta, em Niterói, mais de 100 micos-leões-de-cara-dourada, espécie natural da Bahia, assegurou o levantamento coordenado por Maria Cecília. A partir deste resultado, os pesquisadores começaram a captar recursos e reuniram este ano mais de R$ 500 mil, por meio de financiamento internacional, investimentos de instituições e órgãos como a Câmara de Compensação Ambiental do Rio de Janeiro.
“Os micos serão colocados em quarentena e depois soltos na Bahia em uma área de floresta dentro da área original deles de distribuição. Vai ter uma equipe que será mantida por pelo menos dois anos para acompanhar a adaptação dos grupos na nova área. É um projeto grande que envolve várias equipes e dois estados”, explicou a coordenadora.
Cuidados
As equipes, que incluem veterinários e pesquisadores, trabalham ainda com a possibilidade de surpresas, o que representaria a prorrogação do prazo. Um dos imprevistos pode ser resultado da convivência diária dos micos com os moradores que os alimentam com frequência. Para a coordenadora, esse convívio pode gerar o aparecimento de alguma doença durante o período de quarentena, que exigiria o tratamento antes da soltura do animal.
Também podem ampliar o tempo estimado pelos cientistas a multiplicação e a migração da espécie invasora para outras áreas. “Depois que a gente terminar essa captura, vamos ficar mais um tempo fazendo um novo levantamento para identificar se existem [micos-leões-de-cara-dourada] em outras áreas. Se existirem, vamos capturar de novo, e isso pode prolongar o projeto”, acrescentou a pesquisadora.
*publicado originalmente no site EcoD.