Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revela um cenário preocupante: oito em cada dez crianças brasileiras com até cinco anos consomem alimentos ultraprocessados, como biscoitos, farinhas instantâneas e bebidas açucaradas, dentre outros itens nocivos à saúde.
A pesquisa é parte do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani) e para sua realização foram feitas visitas domiciliares em 123 municípios brasileiros entre fevereiro de 2019 e março de 2020, totalizando 14.558 crianças menores de 5 anos.
A análise também aponta que o grupo de bebês menores de 2 anos é o que menos ingere frutas e hortaliças no Brasil.
Apenas 22,2% das crianças brasileiras entre 6 e 23 meses são alimentadas preferencialmente com vegetais e frutas.
No recorte regional, os dados da região Norte são ainda mais alarmantes. Na véspera da entrevista, um terço (29,4%) dos bebês de até dois anos não havia comido nem frutas nem hortaliças, e a maioria deles (84,5%) tinha consumido ultraprocessados
A situação é preocupante, porque a ingestão excessiva de itens ricos em sódio, conservantes e açúcar é uma das principais causas de doenças crônicas como o diabetes, acidente vascular cerebral, infarto, e a hipertensão arterial.
Flavia Antunes Michaud, diretora-presidente do Instituto Opy de Saúde.
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O consumo de água pura, indicado a partir dos seis meses, no início da introdução alimentar, também é um fator de atenção apontado no estudo.
No país, 72,1% das crianças de até 5 anos haviam consumido água no dia anterior à entrevista.
Isso significa que um quarto (27,9%) das crianças brasileiras nessa faixa etária não consumiu água pura no dia anterior à entrevista.
As menores prevalências de consumo de água nesta faixa etária estão nas regiões Sul (47,4%) e Norte (49,1%) e as maiores, nas regiões Sudeste (80,4%), Nordeste (79,8%) e Centro-Oeste (77,1%).