O projeto “Deixa a Mana Jogar”, iniciativa daFundação Amazônia Sustentável (FAS), está promovendo a prática esportiva e realizando oficinas sobre equidade de gênero em comunidades ribeirinhas na Amazônia.
A iniciativa atua nas comunidades Tumbira, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, e Três Unidos, na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Negro, ambas no estado do Amazonas.
Já foram beneficiadas 60 adolescentes de 12 a 18 anos. As atividades esportivas são baseadas na metodologia de três tempos (EPROCAD), onde os estudantes têm autonomia para definir as regras por meio de uma mediadora de forma colaborativa.
Já as oficinas são inspiradas na metodologia da ONU e conduzidas por voluntários que trazem temas sobre: autoestima, liderança, prevenção à violência e saúde, construindo um espaço seguro e de conhecimento, por meio de jogos, teatro e interações com a natureza.
Juliana Gonçalves, coordenadora do projeto Deixa a Mana Jogar.
Antes das atividades, entre julho e agosto do ano passado, 45 estudantes de 13 a 17 anos foram entrevistados com perguntas divididas em quatro eixos temáticos: liderança, violência, saúde sexual e autoestima.
O resultado da pesquisa mostrou que a maioria dos adolescentes associam mulheres a atividades domésticas ou a funções relacionadas ao setor de turismo, enquanto os homens são associados a trabalhos que utilizam força, como pesca e marcenaria.
No eixo temático da violência, 35,5% dos entrevistados afirmaram conhecer alguém que tenha sofrido algum tipo de violência, e 20% relataram ter presenciado situações de violência de gênero.
Sobre saúde sexual, 53,3% dos meninos e 31,6% das meninas já tiveram relações sexuais.
O diagnóstico serviu para embasar o planejamento do projeto-piloto do ‘Deixa a Mana Jogar’. Após a primeira edição, a expectativa é levar o projeto para outras comunidades ribeirinhas da região.
Sobre autoestima, a ideia do “branco” como equivalente ao padrão de beleza foi percebida nas falas das alunas e alunos. Ao serem perguntados sobre raça/etnia, 60% identificaram-se como pardos, 28,9% como indígenas, 8,9% como brancos e 2,2% como pretos, e alguns não souberam reconhecer a sua cor ou grupo étnico.