Por Reinaldo Canto, especial para a Envolverde* – 

Projeto da Nestlé com fazendas para a produção leiteira contribui para conservação do solo e a redução de emissões de carbono entre outros benefícios

Entre os principais atributos da chamada agricultura regenerativa está a recuperação do solo destinado à melhora da produção, mas também apresenta uma série de  benefícios que vão da saúde humana a qualidade dos alimentos. Apesar de óbvio tal conceito não é aplicado em larga escala em nosso país, um dos maiores e mais importantes produtores de alimentos do mundo. Portanto, ainda é preciso disseminar  a ideia no meio agrícola.

Grandes empresas do ramo alimentício podem contribuir e muito para que seus fornecedores adotem as melhores práticas no campo unindo de maneira harmônica a produção agrícola com a preservação ambiental por meio de ações que reduzem de maneira significativa os impactos ambientais e para a saúde humana.

Pois é o que a Nestlé, um gigante multinacional tem feito, por exemplo, num recente encontro com produtores de leite de Patos de Minas, no Cerrado Mineiro, além de ter contado com a participação de fazendeiros de outras regiões mineiras e dos estados de São Paulo e Goiás que foi realizado na Fazenda Alagoas localizada na zona rural da cidade.

A propriedade é considerada modelo entre outras oito que fazem parte do projeto   piloto que está sendo desenvolvido pela Nestlé em parceria com a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária para chegar  às primeiras fazendas leiteiras Net Zero no Brasil, ou seja, fazendas cuja produção emitem, mas também mitigam as suas emissões de gases de efeito estufa. Essas fazendas estão localizadas nos estados de Minas Gerais, Goiás e São Paulo.

Além de apresentar resultados do projeto iniciado em 2020, em plena pandemia, o encontro teve o objetivo de reunir uma centena de produtores da região para mostrar as vantagens que essas práticas oferecem para o aumento da produtividade com menos desgaste para o solo, menor uso de insumos como fertilizantes e água, o que resulta em economia para o produtor e uma substancial redução nas emissões dos gases de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global. “Estamos gerando informações para ajudar os produtores”, explica Júlio Palhares, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste e um dos responsáveis pelo projeto. “O que está se propondo é enxergar o todo não só uma peça e juntos será possível atingir o Net Zero”, completa Palhares.

Essas oito fazendas que começaram o projeto contam com cerca de 2,5 mil vacas que produzem 62 toneladas de leite por dia e desde o início do processo contam com acompanhamento e suporte técnico para a implementação de ações que já apresentaram resultados positivos com mudanças na  conservação do solo, manejo dos dejetos, consumo de água e práticas de agricultura regenerativa.

As fazendas pioneiras do projeto recebem incentivos como um valor superior por litro de leite pagos pela empresa aos seus fornecedores e assistência técnica para a adoção das novas práticas. Segundo Bárbara Sollero, gerente de Desenvolvimento do Fornecedor e Qualidade da Nestlé,Além do trabalho de analisar os cenários da fazenda, o processo será validado, garantindo que de fato foi neutralizado”.

Ainda em parceria com a Embrapa, a Nestlé vem desenvolvendo o primeiro protocolo nacional para pecuária de leite de baixo carbono do País e também a primeira calculadora de pegada de carbono adaptada aos diferentes biomas e sistemas de produção do Brasil. “Estamos buscando fazer a tropicalização das experiências, pois as que temos foram desenvolvidas em climas temperados”, explica Barbara.

Esses e outros esforços da multinacional fazem parte do compromisso global pela redução das emissões de gases de efeito estufa. Até 2025, a meta da empresa no Brasil é obter 30% das principais matérias-primas originadas de práticas regenerativas e neutralizar totalmente as emissões no ainda distante 2050.

Além dessas oito fazendas outras 176 já são certificadas no programa denominado Nature por Ninho, entre as categorias Prata e Ouro que produzem no total 14 milhões de litros de leite por mês, em mais de 11 mil hectares, que já vêm adotando práticas de agricultura e pecuária regenerativas.

Mas ainda é um contingente pequeno se for considerado um universo de 1.500 propriedades rurais que fornecem leite para a Nestlé. E o que dificulta uma adesão mais rápida já que os benefícios são tão claros? “Basicamente a falta de conhecimento”, responde Júlio Palhares. O agricultor é conservador por natureza e resiste a mudar a maneira de produzir que por vezes é replicada de geração em geração.   

Tudo muda o tempo todo e novas práticas como as propostas pela Nestlé precisam ser adotadas para garantir que a produção de alimentos no país se torne mais sustentável e beneficie verdadeiramente a todos os brasileiros. Além disso, é sempre bom lembrar que após a Conferência Climática no Egito, o mundo está de olho no Brasil.

*O jornalista viajou a convite da Nestlé

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