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Milícia adverte para mais atentados

Doaha, Catar, 7/10/2011 – O movimento islâmico Al Shabab, da Somália, anunciou que realizará mais ataques em Mogadíscio, depois do atentado com bomba do dia 4, que deixou cerca de 70 mortos e muitos feridos na capital somaliana. A ameaça foi divulgada após o grupo assumir a autoria do atentado, contra um complexo estatal. “Somalianos, estamos avisando, afastem-se dos prédios estatais e das bases de seus soldados, haverá mais explosões importantes”, avisou Ali Mohamud Rage, porta-voz do Al-Shabab, segundo informou a agência de notícias Reuters.

“Um de nossos mujahidines fez o sacrifício de matar funcionários do TGF (Governo Federal de Transição), efetivos da União Africana e outros informantes que estavam no local”, afirmou à agência de notícias France Presse (AFP) um membro da milícia islâmica, que não se identificou. O atentado ocorreu quando um caminhão explodiu após parar em um posto de segurança na entrada do complexo onde fica o Ministério da Educação, informou Ali Hussein, oficial da polícia de Mogadíscio. Após a explosão, corpos enegrecidos eram vistos entre restos espalhados na rua em meio a veículos queimados, enquanto soldados se esforçavam para retirar os feridos do lugar.

O presidente da Somália, Sharif Sheikh Ahmed, declarou que o atentado deixou mais de 70 mortos e 150 feridos. “Estou totalmente horrorizado e triste por este ato cruel de violência desumana contra os mais vulneráveis de nossa sociedade”, disse o mandatário em uma declaração. Vários ministros deixavam o prédio no momento da explosão, afirmou o jornalista somaliano Mohammad Shiekh Nor, à rede de televisão Al Jazeera. “Foi o pior atentado que já vi”, ressaltou.

Os médicos atenderam pacientes com ferimentos horríveis, como membros amputados, queimaduras e outros que ficaram cegos na explosão, disse Ali Abdullahi, enfermeiro do Hospital Medina. “Foi a pior tragédia que já vi. Dezenas de pessoas chegavam a cada minuto. A maioria dos feridos estava inconsciente e outros tinham o rosto negro pela fumaça e pelo calor”, acrescentou.

Acredita-se que a explosão aconteceu quando havia muitos estudantes fazendo fila para conseguir bolsas concedidas pela Turquia, que há pouco aumentou sua atividade na Somália e prometeu abrir uma embaixada em Mogadíscio. A maioria das vítimas foi de estudantes, disse à Al Jazeera o diretor de comunicações da Presidência, Suldan Sarah.

“Um ato de covardia como este não significa que a milícia seja uma força a se levar em conta. Simplesmente significa que tem a capacidade para realizar assassinatos em massa mediante um atacante suicida. Não é um sinal de força, mas de covardia”, acrescentou Sarah. “Os serviços de segurança trabalham de forma permanente dentro de suas capacidades, o que permitiu frustrar numerosos ataques nos últimos meses”, ressaltou.

O atentado foi condenado pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon. “É incompreensível que matem pessoas inocentes sem nenhum sentido”, disse o porta-voz de Ban, Martin Nesirky. “O secretário-geral está horrorizado pelo terrível atentado suicida contra escritórios estatais em Mogadíscio”, acrescentou. O atentado do dia 4 foi o pior já cometido pelo Al Shabab desde a explosão múltipla em Kampala, capital de Uganda, em julho de 2010 que deixou pelo menos 76 mortos. Envolverde/IPS

* Publicado sob acordo com a Al Jazeera.