Música, robótica e mídias digitais. Esses são alguns elementos que ajudam a melhorar o desempenho dos alunos nas escolas, de acordo com projetos apresentados na 26ª Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec). Preocupados em resolver a evasão e a falta de interesse, estudantes do Ensino Médio propõem métodos alternativos de ensino e novas formas de apresentação dos conteúdos curriculares.
Blogquest
Os estudantes Jadson de Souza, 17, e Cynara Garantizado, 16, do Ceará, estavam cansados de ver a sala de informática da escola vazia. Desconfiados de que os computadores poderiam ser utilizados não apenas para pesquisas na internet, os alunos criaram uma proposta para otimizar o uso da tecnologia, tornando o conteúdo das aulas mais fácil e interativo.
Para isso, uniram duas interfaces: a webquest e o blog, viabilizando o que chamam de “blogquest”. Professores e alunos foram convidados a criarem seus blogs e a postarem conteúdos relacionados à aula. Em três anos de projeto, Jadson e Cynara perceberam que a escola concretizou no ambiente virtual uma rede que já existia na realidade.
“Resolvemos os problemas de interação, falta de atenção dos alunos e também a falta de alguns materiais, como no caso das línguas estrangeiras”, ressalta Cynara. O levantamento de dados da pesquisa apontou que, atualmente, 93% das pessoas da escola usam a plataforma para acessar os conteúdos da aula. “Alguns professores foram um pouco resistentes, mas no fim a maioria acabou aceitando a proposta”, afirma Jadson.
Gosto musical
O argentino Jonatan Fisk, 13, propôs uma controversa junção: a música – adorada pelos adolescentes – e a escola – rejeitada por grande parte deles. Haveria alguma relação entre o gosto musical e os estilos de aprendizagem? Para responder a esta pergunta, Jonatan aplicou dois questionários entre os estudantes do 1º ano de três escolas da cidade de Concordia, Argentina.
Um deles é o Teste de Kolb sobre estilos de aprendizagem e o outro é o STOMP, que testa as preferências musicais dos indivíduos. Os resultados indicam que entre os adolescentes que preferem músicas intensas e rebeldes, predomina um estilo de aprendizagem que valoriza a execução e experimentação.
Entre os alunos que preferem músicas enérgicas e rítmicas, prevalece a capacidade de criar modelos teóricos e trabalhar com conceitos abstratos.
Robótica
Os alunos de Maracanaú, no Maranhão, em nada se diferem do restante do país quando o assunto é matemática: dificuldades no entendimento e desmotivação são problemas comuns em sala de aula, segundo o estudante Werlesson Magalhães, 15. Para tentar resolvê-los, ele propôs a construção de robôs, que ajudariam as turmas do Ensino Fundamental a aprender as formas geométricas e as operações básicas.
Usando material reciclado e de fácil acesso, Werlesson ensinou os alunos a montarem pequenos robôs que funcionam à bateria. Sem perceberem que estavam aprendendo matemática, os alunos começaram a se interessar e, consequentemente, aumentaram as notas nas avaliações.
“A ideia agora é expandir as oficinas de robótica educacional e continuar acompanhando o impacto delas nos índices de evasão e no desempenho dos alunos”, afirmou o jovem pesquisador.
* A repórter Raiana Ribeiro acompanha o evento em Novo Hamburgo (RS), entre 25 e 27 de outubro.
** Publicado originalmente no Portal Aprendiz.