Já está circulando a revista ECO 21 de outubro de 2011. Uma das principais publicações sobre meio ambiente e sustentabilidade no Brasil, a ECO 21 deste mês traz excelentes textos. Veja abaixo do editorial o índice da edição.
Editorial
O primeiro espírito a “encantar”, como diz Guimarães Rosa, foi Wangari Maathai, que deve estar no seio de um baobá da floresta Kakamega. O segundo foi Adrian Cowell, que no dia 10/10 encarnou uma sumaúma da Amazônia para sua morada definitiva. Cowell, que foi testemunha da luta de Chico Mendes deixou série de documentários memoráveis e, dentre outros, o livro A Década da Destruição que apareceu na etapa preparatória da RIO-92. Cowell, tal o fizeram antes Arne Sucksdorff, documentando o Pantanal e Heinz Forthmann, com seus históricos registros do Xingu, já fazem parte da memória do ambientalismo brasileiro do Século 20.
Wangari Maathai avançou por trilhas mais difíceis, numa África tribalista e machista, lutou pelos direitos da mulher e da floresta, que para ela faziam parte do mesmo universo. Na sua autobiografia “Inabalável” atua como observadora de sua própria história, narrando suas lutas em meio a processos históricos marcantes, como a descolonização de seu país, a globalização e a emancipação feminina. Num dos seus depoimentos depois do Prêmio Nobel, ela disse: “Embora seja importante proteger a floresta em cada país, também se deve reconhecer seu valor para além das fronteiras nacionais, como no ecossistema da Bacia do Congo. O impacto negativo de sua destruição será sentido tanto dentro quanto fora da África. Este continente deve proteger suas florestas nativas, bem como se comprometer num amplo esforço de reflorestamento. Nossa população pode cultivar plantações comerciais para a indústria madeireira e da construção. Mas é um erro sacrificar as florestas pelos rápidos benefícios econômicos que dão os cultivos em expansão de monoculturas florestais.” Marina Silva, quando Ministra do Meio Ambiente, escreveu na ECO•21 um artigo que dizia o seguinte: “Enquanto no Quênia, Wangari lutava contra a erosão dos solos e a seca, na Amazônia, Chico Mendes e Wilson Pinheiro iniciavam os embates, com mulheres e crianças, resistindo àquela ordem de coisas que, a pretexto do desenvolvimento, causava desmatamento e injustiça na expansão da pecuária sobre a floresta. Mas o que importa é que, na África ou na Amazônia, essas pessoas colocaram a sua vida em risco para cunhar uma nova maneira de conceber a paz e lutar por justiça social.”
O mundo perdeu dois grandes ecologistas, mas as florestas ganharam dois espíritos eternos a continuar a luta contra os desmatadores e os políticos que ainda não perceberam que uma árvore em pé vale mais do que uma pastagem. Parafraseando Alejandro Casona, as árvores morrem de pé.
Índice
E Wangari Maathai tornou-se um espírito da grande árvore – Lúcia Chayb
Aziz Ab’Saber propõe o Código da Biodiversidade – Viviane Monteiro
As Áreas Úmidas e o novo Código Florestal – Wolfgang J. Junk
A RIO+20 depende da COP-17 – José Goldemberg
Entrevista com Patrick Bond – Rousbeh Legatis
Entrevista com Carlos Nobre – Fabíola Ortiz
Bolsa Floresta e Bolsa Verde: semelhanças, diferenças e desafios – Virgílio Viana
Um modelo para a Amazônia – Dal Marcondes
Paragominas Verde – Adnan Demachki
Atlas Soci-Água analisa impactos do uso da água – Marcos Freitas
Estudo mapeia as tartarugas marinhas mais ameaçadas – Gabriela Michelotti
Anfíbios são ameaçados por mudanças climáticas – Maria Luiza Campos
Açaí, jóia púrpura da Amazônia, gera riqueza nas APPs – Jorge Eduardo Dantas
O poder das flores contra a mudança climática – Manipadma Jena
Uma persistente La Niña está de volta – Stephen Leahy
IBOPE Ambiental mira a sustentabilidade e o mercado – Rose Guirro
Unidades de Conservação podem render cerca de R$6 bilhões por ano – Victor Prates
A ilusão de uma Economia Verde – Leonardo Boff
As vantagens e desvantagens da hora de verão – Ronaldo Rogério de Freitas Mourão
É tempo de celebrar! Feliz Primavera! – Elaine Tavares
A dependência dos bichos – Mateus do Amaral
Roteiros de Charme festeja 20 anos de ecoturismo – Helenio Waddington
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