Arquivo

HRW denuncia 24 assassinatos na RDC

Doha, Catar, 23/12/2011 (IPS/Al Jazeera) – As forças de segurança da República Democrática do Congo (RDC) são responsáveis pela morte de dezenas de pessoas desde o dia 9, quando foi anunciada a reeleição do presidente Joseph Kabila, afirmou a organização humanitária internacional Human Rights Watch (HRW). “Ao menos 24 pessoas foram assassinadas pelas forças de segurança entre os dias 9 e 14 deste mês, sendo 20 em Kinshasa, duas na província de Kivu do Norte e duas na província Kasai Ocidental”, informou ontem a HRW, com sede em Nova York. A organização “também documentou um incidente em que jovens de Kinshasa atiraram pedras contra um padre que morreu em seguida devido aos ferimentos.

Desde que a Comissão Eleitoral da RDC divulgou os resultados, informando que Kabila estava reeleito pelas eleições de 28 de novembro, “as forças de segurança dispararam contra pequenas multidões, aparentemente para impedir protestos”, disse Anneke Van Woudenberg, pesquisadora da HRW sobre a África. Entre as vítimas está uma mulher de 21 anos, que morreu baleada quando a polícia disparou contra manifestantes opositores em Kinshasa, capital do país, segundo a organização. A sobrinha da mulher, de oito anos, também foi atingida, na garganta, e hospitalizada, acrescentou. A HRW disse que colheu a informação com ativistas locais e testemunhas.

As forças de segurança teriam tentado esconder as mortes removendo rapidamente os corpos, segundo a organização, enquanto unidades militares, incluindo a guarda presidencial, foram acusadas de manterem presas várias pessoas em acampamentos militares. “Diversas fontes informaram à HRW que o governo instruiu os hospitais e necrotérios a não darem informação sobre o número de mortos, nem detalhes dos feridos a bala aos familiares, a grupos de direitos humanos e ao pessoal da Organização das Nações Unidas (ONU), entre outros”, informou a entidade. “A ONU e os sócios internacionais do Congo deveriam exigir urgentemente do governo o controle de suas forças de segurança”, afirmou.

“Táticas sangrentas, que impactam ainda mais o processo eleitoral e deixam a impressão de que o governo está disposto a fazer tudo que for necessário para permanecer no poder”, disse Woudenberg. A HRW declarou que, após ouvir 86 vítimas e testemunhos, recebeu “dezenas de informes de outros assassinatos e ataques cometidos pelas forças de segurança que está tentando confirmar. Em um informe anterior, a organização disse que 18 pessoas foram assassinadas pelas forças de segurança do Congo nas vésperas da eleição, algo terminantemente negado pelo governo.

A oposição na RDC não reconhece a vitória de Kabila, argumentando fraude, o que desatou protestos nas ruas. O processo eleitoral também foi criticado por observadores locais e estrangeiros, que constataram irregularidades. A Comissão Eleitoral atribuiu a Kabila 49% dos votos, enquanto o principal líder opositor, Etienne Tshisekedi, ficou com 32%. Tshisekedi, de 79 anos, questionou os resultados, reconhecidos pela Suprema Corte e pela Comissão Eleitoral. No dia 20, Kabila prestou juramento para outro mandato de cinco anos, e teme-se que, em sinal de protesto, Tshisekedi realize uma cerimônia própria de posse, o que poderia agravar a violência. Envolverde/IPS

* Publicado sob acordo com a Al Jazeera.