A revisão do Plano Diretor em 2023 evidencia como os interesses imobiliários se sobrepõem à resiliência climática. O potencial construtivo foi aumentado em até 50% nos eixos de transporte, enquanto as exigências de áreas permeáveis foram reduzidas. Em 2023, a cidade perdeu 1.800 árvores para obras e empreendimentos.
Pinheiros exemplifica a transformação predatória da cidade. Nos últimos anos, dezenas de casas com quintais arborizados foram substituídas por torres que ocupam os terrenos de ponta a ponta. O resultado é visível nas ruas do bairro: áreas antes frescas e sombreadas transformaram-se em corredores de calor, onde a temperatura é significativamente mais alta que nas poucas regiões que ainda preservam sua vegetação.
O CADES Pinheiros tem travado uma dura batalha para garantir diagnósticos mais precisos das árvores na tentativa de evitar o alto número de cortes desnecessários. Enquanto isso, a sociedade civil organizada tenta resistir através de ações coordenadas, mas enfrenta a pressão avassaladora do mercado.
O discurso da sustentabilidade virou marketing vazio. Empreendimentos se autoproclamam “verdes” enquanto suprimem árvores antigas e impermeabilizam o solo. Em Pinheiros, vemos diariamente como o mercado imobiliário usa a sustentabilidade como slogan enquanto destrói o patrimônio ambiental do bairro.
O futuro climático de São Paulo está sendo negociado nos bastidores da Câmara Municipal, longe dos olhos da população. É hora de questionar: queremos uma cidade feita para especuladores ou para pessoas? O clima não negocia, e já passou da hora de São Paulo fazer o mesmo.