Hora ou outra são lançadas campanhas que incentivam o plantio de árvores em áreas urbanas, as quais, na maioria das vezes, são promovidas por organizações não governamentais. Esta prática ainda é realizada, em menor frequência, mas com alta divulgação, por setores governamentais e pela iniciativa privada, quando o maior objetivo é o marketing.
O importante aqui é entender que o plantio de árvores nas cidades tem aumentado e, consequentemente, tem contribuído com o crescimento e manutenção das florestas, dos parques e dos bosques urbanos. Entretanto, muitos de nós, moradores dos centros urbanos, temos uma visão bastante pontual sobre a função das árvores, ou seja, nossa compreensão muitas vezes fica limitada às funções de sombreamento e paisagismo.
Nesse sentido, é importante destacar que os benefícios das árvores no meio urbano vão muito além da produção de sombra e da beleza paisagística. A presença de árvores nas cidades traz diversas outras vantagens à população humana, entre as quais podem ser destacadas:
– Infiltração de água no solo: as árvores facilitam a infiltração e a condução da água no solo, pois mantém os solos menos compactados e contribuem, portanto, para a redução do escoamento superficial e da ocorrência de enchentes;
– Redução da sensação térmica: além da sombra, a absorção da radiação solar e a transpiração de vapor de água das árvores contribuem diretamente para a redução da sensação térmica, tanto ao redor das árvores quanto na área de projeção da copa;
– Atenuação da poluição sonora: as árvores atuam como barreiras contra pequenos ruídos. Essa atenuação torna-se mais eficiente em locais com árvores adensadas, como em bosques e florestas urbanas;
– Quebra vento: a presença de árvores tem efeitos diretos sobre o regime dos ventos, pois funciona como uma eficiente barreira capaz de diminuir a velocidade e a direção dos ventos. Isso pode evitar que ventanias causem prejuízos às casas e às outras construções feitas pelo homem, como a destruição de telhados;
– Liberação de oxigênio e absorção de poluentes: além da liberação de oxigênio, que ocorre durante o dia, vários poluentes em suspensão são absorvidos pelas árvores. O principal poluente é o carbono, o qual as plantas tendem a absorver e estocar em maiores quantidade na fase inicial de desenvolvimento;
– Microhábitats para a fauna: além de servir como abrigo e local de reprodução, principalmente de aves, insetos e morcegos, as árvores são fontes de produção de alimentos para fauna e, dependendo da espécie vegetal considerada, os frutos produzidos são próprios para o consumo humano;
Tomados em conjunto, os benefícios advindos da plantação e da manutenção de árvores urbanas indicam que podemos e devemos plantar mais árvores no meio urbano. Contudo, deve-se buscar sempre orientação de quais espécies são mais adequadas para o plantio em determinado local, de modo a evitarmos a disseminação de espécies exóticas, principalmente aquelas que potencialmente podem se tornar invasoras e de escolhermos espécies cujo crescimento e tamanho sejam compatíveis com a área escolhida para o plantio. Uma boa recomendação, antes de decidirmos plantar uma árvore, é consultar um profissional qualificado para tal fim.
Referências
MAGALHÃES, L.M.; CRISPIM, A.A. Vale a pena plantar e manter árvores e florestas na cidade? Ciência Hoje, vol.33, n.193, p.64-68, 2003.
NICODEMO, M.L.F.; PRIMAVESI, O. Por que manter árvores na área urbana? São Carlos – SP: Embrapa Pecuária Sudeste, 2009, 41 p.
OLIVEIRA, A.S. Influência da vegetação arbórea no microclima e uso de praças públicas. Tese (Doutorado em Física Ambiental). Universidade Federal de Mato Grosso. 149 f, 2011.
PIVETTA, K.F.L.; SILVA FILHO, D.F. Arborização urbana. Boletim acadêmico: série arborização urbana. UNESP/FCAV/FUNEP, Jaboticabal, 2002, 74p.
* Lamartine Soares Bezerra de Oliveira é agrônomo, doutorando em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília ([email protected]). Henrique Augusto Mews é biólogo, doutorando em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília (UnB) ([email protected]). Mércia de Oliveira Cardoso é agrônoma, doutoranda em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal Rural do Pernambuco ([email protected]).