[media-credit name=”Bernie Boston” align=”alignright” width=”420″][/media-credit]
Rapaz colocando flores nas armas de soldados durante um protesto contra a Guerra do Vietnã nos anos 1960.
Por que usar baladeira (ou estilingue) para derrubar a fruta podre se ela acaba caindo nas  primeiras chuvas? A pedra atirada pode quebrar a janela ou cabeça de meu vizinho ou irmão. Governo corrupto, ditatorial, aquele que a população não mais aceita,  pode ser deposto como a fruta podre, sem guerra. Tunísia e Egito são exemplos. Amanhã outros serão noticiados. Acredito ser a desobediência civil a melhor arma contra governos podres. A desobediência civil usada com êxito, por Gandhi para a independência da Índia e por Nelson Mandela contra a apartheid na África do Sul, hoje possui novas munições: a internet, as redes sociais globais, a informatização, a robotização das novas armas, o pensar do moderno militar. Com o alvorecer de uma nova democracia, que não mais olhará só para o umbigo e pés, mas sim para o próximo e para nosso planeta, os horrores e atrocidades da guerra deixarão de existir.

Acabo de ler “Líderes que Mudaram o Mundo”, de Gordon Kerr. São mais de setenta personagens. Alexandre (o Grande), Júlio César, Átila (o Huno), Maomé, Carlos Magno, Gengis Khan, Pedro (o Grande), George Washington, Napoleão Bonaparte, Al Capone, Fidel, Josef Stalin, Hitler, Mao Zedong, Osama bin Laden, são alguns dos autobiografados. Com raras exceções, como Buda, Jesus, Gandhi, Nelson Mandela, todos alcançaram a notoriedade usando armas, promovendo a guerra.

A guerra, invenção humana (“animal não faz guerra”), é a  “arte” do extermínio dentro da própria espécie. A guerra que produziu arte, como o quadro Guernica, ou o livro “Por Quem os Sinos Dobram?”, não mais pode ser aceita, mesmo porque a Mãe Natureza chora e clama por nossa atenção, nossa união. Os avisos da natureza não mais podem ser postergados. No dia do tsunami do Japão, estava eu em San Francisco, na Califórnia, Estados Unidos. Ao acordar, acompanhei pela TV as ações, interdições, evacuações, que o governo americano executou em áreas e estradas.

Como, pensei eu, um movimento do subsolo, ocorrido do outro lado do Pacífico, podia provocar tanta agitação e incerteza? Será que o conhecimento que o ser humano desenvolve está no foco certo? Como aceitar que um míssil possa acertar um pequeno alvo a centenas, milhares, de quilômetros e não sabermos até onde pode chegar uma onda gerada no mar do Japão? Construir armas de destruição em massa, viajar até a Lua e não conhecer as forças que habitam nossa bolinha azul é para mim um desatino. O ser humano está mais pobre de espírito e respeito à natureza do que no tempo de meus avós. O melhor dos cientistas não pode garantir onde a Mãe Natureza vai tossir novamente. Cuidado, Obama e outros líderes, pois pode ser debaixo de vossos pés. É hora de mudar as prioridades. É hora de pensarmos na Nação Terra. É hora de esquecermos as guerras.

“A morte de cada homem diminui-me, porque sou parte da humanidade. Portanto, nunca procure saber por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”, escreveu John Dole, que Ernest Hemingway usou para título de seu livro, Prêmio Nobel em 1954. “Por Quem os Sinos Dobram” registra os horrores e atrocidades de uma guerra e todos deviam ler, especialmente os altos comandos da Otan. Que o comando da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte), que hoje centraliza as operações na Líbia, use suas forças para o bloqueio, a destruição das armas de guerra e que não permita que novas armas possam ser entregues aos rebeldes do podre regime de Kadafi. Será sensato entregar armas a pessoas despreparadas? Quem armou Kadafi?

Como ainda é utópico pensar em viver sem armas, quero vê-las instaladas, estocadas em plataformas espaciais, programadas para disparar somente contra outras armas e totalmente bloqueadas para o uso contra o ser humano, independente de sua cor e religião. É hora de dizer, pensar, desejar e trabalhar para um adeus às armas.

* Publicado originalmente no jornal Diário do Pará.